Precisamos falar sobre violência doméstica. Precisamos falar sobre feminicídio. E precisamos também falar sobre dinheiro.
Escrevo esta coluna com revolta e muita dor no coração, em meio à divulgação de um vídeo que mostra as agressões de Luís Felipe Manvailer contra a sua esposa, Tatiane Spitzner. Momentos depois, ela morreu após cair do quarto andar do prédio onde morava, na cidade de Guarapuava, no Paraná.
O caso ganhou notoriedade por conta do vídeo, mas as estatísticas de feminicídio são ainda mais aterrorizantes: em média, doze mulheres são assassinadas por dia no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo G1. São casos de feminicídio, nos quais a vítima é morta por conta de seu gênero.
Como reverter este cenário tenebroso? É aí que o dinheiro entra no jogo.
“Só a independência financeira garante autonomia emocional à mulher”, afirmou em entrevista a promotora de Justiça Gabriela Manssur. De acordo com estimativa realizada nos Estados Unidos, o abuso financeiro está presente em 98% dos casos de violência doméstica. É com base no poder financeiro que as agressões se perpetuam.
Afinal, como deixar um relacionamento sem ter condições de se manter financeiramente?
É por isso que precisamos falar de dinheiro com urgência. Viver fugindo da fatura do cartão ou sem querer encarar as dívidas e gastos de frente é ter de se conformar a uma vida de vulnerabilidade e dependência.
Está na hora de olhar para a sua vida financeira com o carinho que ela merece. Ter dinheiro guardado é ter o poder de escolha do que você quer para a sua vida. É ter a capacidade de sair de qualquer situação, emprego ou relacionamento que não te façam bem.
Então comece hoje. Sim, hoje mesmo. Ao chegar em casa, tire o extrato dos últimos três meses, e encaixe os seus gastos em três categorias: essenciais (moradia, alimentação, saúde, transporte, etc), supérfluos (compras, lazer, presentes, etc) e reserva. O ideal é que seus essenciais correspondam a 50% dos seus gastos e os supérfluos a 30%, para você conseguir guardar 20% do que você ganha todo mês. Se você tem dívidas, quite-as todas para depois poder começar a guardar dinheiro.
É com esta grana que você vai poder exercer o seu poder de escolha. Sim, eu sei que há questões emocionais mais profundas quando falamos de relacionamentos abusivos, mas eu já vi centenas de vezes como o fato de ter dinheiro guardado empodera uma mulher. Você se sente mais forte e dona de si – e não permite ninguém passe por cima de você.
Está na hora de começar a trabalharmos para zerar as estatísticas de feminicídio no nosso País. A independência financeira pode ser uma arma e tanto nesta luta.
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