Olá, meu nome é Flávia, tenho 41 anos e gostaria de dividir com vocês o meu MILAGRE!
Meu primeiro contato com a nefrologia foi um susto, na verdade nunca tinha ouvido falar sobre, mas vou tentar resumir minha história.
Em novembro de 2019, após fortes dores de cabeça, fui para o hospital com a pressão em 23×11. Após ser medicada, fui orientada a procurar um cardiologista. Quando fiz todos os exames solicitados pela médica, no dia 8 de dezembro de 2019, recebi a notícia: “DRC, creatinina 6, seus rins irão parar”, disse ela. Que susto! Logo eu, que faço exames a cada seis meses, sempre cuidei da saúde, como nunca percebi? Não tive sintoma algum. Mas devo a minha vida a essa médica maravilhosa. Ela, sim, me enxergou com os olhos de DEUS.
No dia seguinte, refiz os exames, a creatinina já estava em 6.5 e médica sugeriu que eu procurasse um nefrologista urgentemente. Até então, não sabia nem que especialidade seria essa, mas, ao refazer os exames, conheci um enfermeiro no laboratório, maravilhoso (olha aí as mãos de DEUS novamente), que trabalhava em uma equipe de nefrologia. Percebendo meu desespero, ligou e agendou uma consulta para o outro dia.
Investigando os registros dos meus exames, constatei que, em 2018, minha creatinina já estava em 3 – infelizmente, nenhum outro profissional atentou-se a isso. O tempo passou e, quando fui comunicada, já não tinha mais como fazer o caminho de volta.
Fui à consulta. O nefrologista, pediu mais exames e já conversamos sobre diálise peritonial e um possível transplante. Refeitos os exames, em janeiro passei por cirurgia para implantar o cateter e iniciei a diálise peritonial. Reuni minha família para dar a notícia, mas, após exames, infelizmente nenhum doador compatível. Acham que eu desanimei? Jamais! Em 30 de março entrei para a fila do transplante, agora a minha saúde dependia do SIM de uma família.
Em junho, devido a uma infecção, precisei retirar o cateter, colocar o permcath e iniciar a hemodiálise. Em meio a uma pandemia, idas e vindas ao hospital. Confesso que pela primeira vez eu chorei. O desconhecido me apavorou, mas só no primeiro dia de hemodiálise, em 13 de junho. Depois renovei a minha coragem, pois tive o privilégio de encontrar ótimos profissionais ao longo dessa jornada – tudo através do SUS, tratamento e medicação.
Eu chegava às 6h da manhã, sorrindo e grata, para a hemodiálise. Sempre de forma positiva e acreditando que meu rim estava chegando. Dia 21 de julho foi meu último dia de hemodiálise – isso mesmo! Foi o dia em que recebi a notícia mais feliz da minha vida. Em menos de 4 meses, renasci.
Enquanto eu tentava levar uma vida normal, mesmo sabendo que a fila não obedece uma sequência e sim a compatibilidade entre doador e receptor, repetia com toda a fé que me cabe: “meu rim abençoado está chegando”. E assim, foi, tão rápido! Tão providencial! No dia 21 de julho recebi meu SIM. Uma família maravilhosa provou que o amor e a solidariedade salvam vidas.
Agora, as lágrimas eram de gratidão. Essa família, em meio a sua dor mais profunda, disse o meu esperado SIM.
Minha recuperação está sendo muito tranquila e estou muito feliz por ter recebido essa nova oportunidade. Eu posso afirmar com todas as letras: RENASCI. Agradeço todos os dias, oro por meu doador e sua família maravilhosa.
Sempre fui a favor da doação de órgãos, hoje eu luto com todas as minhas forças para mostrar às pessoas que, além de nos devolver a vida e a saúde, essas famílias e seus doadores, proporcionam alegria e esperança às pessoas que estão interligadas a nós, os pacientes.
Se você está nessa caminhada, continue acreditando que as situações podem mudar a qualquer momento e para melhor, bem melhor! Não desista do tratamento, não desista de você, acredite na vida!
Doe órgãos. Doe vidas.
*Flávia Cavale é leitora de CLAUDIA