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Autora do sucesso "Primeiro Eu Tive que Morrer", Lorena Portela é cearense, escritora e jornalista. Vive em Londres, mas a cabeça mora aqui, no Brasil.

11 livros escritos por mulheres para presentear no Dia dos Pais

Separamos obras escritas por autoras para presentear o seu pai de maneira criativa

Por Lorena Portela
Atualizado em 11 ago 2023, 09h48 - Publicado em 9 ago 2023, 08h33
11 livros escritos por mulheres para presentear no Dia dos Pais
Obra "Bookshelves" (1725), de Giuseppe Maria Crespi  (publicdomainreview/Divulgação)
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Não existe literatura feminina, não existe literatura masculina, só existe literatura. Livros feitos para humanos lerem independentemente do corpo com que nasceram, da cultura em que viveram, desejos e afetos que sentem. Mesmo assim, é sabido que, no geral, homens se interessam menos por livros escritos por autoras. Mais: é comum que nas indicações de obras para datas como Dia dos Pais constem apenas títulos produzidos por homens.

Eu me pergunto público e indústria deveriam se perguntar também —, por quê? É por causa deste questionamento que aproveitei este espaço para listar obras excelentes para você presentear seu pai ou irmão, ou namorado, ou crush, ou chefe, ou amigo. No dia dos pais, dia dos namorados, natal, aniversário, tanto faz. Guarde a lista a seguir num local de fácil acesso e lembre de presentear homens com livros escritos por mulheres

A Filha Perdida, Elena Ferrante

Verdade que a obra mais famosa da autora italiana é a Tetralogia Napolitana, mas esse livro não fica atrás no quesito viciante. Curto, poucas páginas, conta a história de Leda, uma mulher que vai passar férias sozinha numa praia pequena da Itália e lá desenvolve uma certa obsessão por uma jovem mãe que observa, inicialmente, de longe. A consequente proximidade com a jovem traz à tona memórias dolorosas sobre si mesma e sua relação com as duas filhas. É a história de uma mãe que tomou decisões de pai por um período e a culpa com a qual passou a viver desde então. Virou filme na Netflix, mas o livro vale cada página. 

Os Tais Caquinhos, Natércia Pontes

Um dos meus preferidos da lista. Aqui, a autora cearense (minha conterrânea) não se desculpa pelas sensações provocadas e são muitas. Ao longo das páginas, conhecemos a relação de adoração e desgosto entre a adolescente Abigail e seu pai, Lúcio, tendo como cenário um apartamento imundo, a participação especial de uma irmã insolente, e uma rotina que se arrasta entre objetos empilhados, baratas, dores e, claro, amor. Um livro que confunde e, também por isso, é um tesouro. 

Talvez Você Deva Conversar Com Alguém, Lori Gottlieb

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Uma jornada de autoconhecimento sobre uma terapeuta angustiada por não conseguir resolver uma questão em sua própria vida. A autora conta a sua história combinada com a de outros pacientes e o resultado é um best-seller. Fora isso, ainda fica a dica para o que considero ser um dos maiores problemas da raça-homem: a inabilidade de conversar sobre o que sente.  

João Maria Matilde, Marcela Dantés

Mais uma relação de pai e filha aqui, mas agora o cenário é uma pequena cidade no interior de Portugal em que Matilde vai atrás de uma herança desconhecida e, com isso, passa a saber sobre o pai, João Maria, que jamais viu. Cativante, fluido, bonito. Marcela é autora para ficar sempre de olho. 

Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus

Uma das maiores best-sellers do Brasil, desacreditada por muitos e com uma trajetória sem precedentes na literatura deste país. O livro, publicado em 1960, é o diário em que Carolina, então catadora de papel, relata sua vida na favela. A obra usa linguagem fidedigna à original, respeitando a forma com que a autora escreveu quando morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos. Para ter em casa e reler sempre. Na sequência, indico o podcast História Preta, especialmente os episódios que contam a história do fenômeno Carolina Maria de Jesus. 

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Caderno Proibido, Alba de Céspedes

Esse é mais arrastado, mas não tome esse adjetivo como ponto ruim. Pelo contrário, o arrastar tem um motivo de ser e é o que nos confere uma relação de confidente com a narradora. Nesta obra, a autora italiana nos apresenta uma mulher casada, com dois filhos e chamada de mamãe pelo marido, num absoluto apagamento da mulher que é. Nas páginas do diário proibido, ela conta seus segredos, suas vergonhas, seus desejos, o inconfessável e usa as folhas em branco para gritar o mais alto que pode. 

O Verão Em Que Mamãe Teve Olhos Verdes, Tatiana Tibuleac

Feliz surpresa deste ano, mal li e já indiquei tantas vezes. Aqui, um adolescente narra a relação com a mãe durante as férias de ambos numa cidadezinha da França. Um menino que rejeita a figura materna, agora doente, e a liga dos dias quentes que vão moldando esta relação de nojo e de amor para os leitores. História de filho e de família, literatura fina e cheia de beleza. 

E Não Sobrou Nenhum, Agatha Christie

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Esse é pra quem quer apostar sem correr muitos riscos. Esta obra de Agatha Christie é uma das mais vendidas do mundo, considerada por uma horda de fãs o melhor livro da rainha do crime. Uma ilha misteriosa, dez pessoas, uma música infantil que conduz a sequência de mortes e a clássica pergunta: quem é o assassino? Sou fã da autora inglesa e dos seus livros que nos prendem da primeira à última página.  

Sal, Gordura, Acidez, Calor: os elementos da boa cozinha, Samin Nosrat

Para começar, Samin é uma máquina de carisma. Seu documentário na Netflix que tem o mesmo título do livro é um deleite, mas como aqui é dica de livro, vamos lá: se o cara em questão é dos gostam ou se interessam pela cozinha, pode ir nesse sem medo. São dezenas de receitas em que a ideia principal é explorar com atenção os quatro elementos fundamentais citados no título. Delícia. 

O Corpo Dela e Outras Farras, Carmen Maria Machado

O primeiro conto deste livro está na lista dos melhores que já li, mas há outros excelentes também. Nesta obra, a autora norte-americana de origem cubana, vencedora do National Book Award, expõe a violência a que mulheres somos submetidas com uma narrativa perturbadora que mistura terror e ficção científica, estilo que lhe rendeu comparações com a série Black Mirror, da Netflix. Livraço. 

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Crianças Trans: infâncias possíveis, Sofia Favero

Favero usa sua própria história para conduzir uma narração em que contesta, mantendo a poesia, o normal, a beleza, e as identidades. Incluí esse título nesta lista principalmente porque, no meu círculo, só vejo mães se interessando pelo tema, vejo mães hasteando bandeiras, se pondo de pé ao lado de suas crianças trans. Pais e demais homens da família precisam se juntar ao clube urgentemente. 

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