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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

Adeus a Rob Reiner, o cineasta que acreditava no amor

Diretor foi assassinado aos 78 anos ao lado da esposa, em uma tragédia que contrasta brutalmente com sua obra

Por Ana Claudia Paixão
15 dez 2025, 16h21 •
Morre o cineasta Rob Reiner
Robert Norman Reiner foi um cineasta, produtor, roteirista, ator norte-americano (Jesse Grant/Getty Images for TCM/Getty Images)
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  • A notícia de que o premiado diretor Rob Reiner foi assassinado em casa, na primeira noite do Hanukkah, a festa judaica muito ligada à vida familiar, ao lar e à transmissão de valores entre gerações, paralisou Hollywood no domingo, dia 14 de 2025.

    Ele e sua mulher, Michele Singer Reiner, foram encontrados por sua filha, Romi, e o principal suspeito do crime (ainda não confirmado) é justamente um dos filhos do casal: Nick Reiner. Uma tragédia “típica” hollywoodiana, mas uma que não faz nenhum sentido por se tratar justamente de um diretor que passou a vida filmando relações humanas com uma delicadeza rara em Hollywood.

    Talvez por isso sua morte violenta, aos 78 anos, tenha causado comoção não apenas pela tragédia em si, mas pelo contraste brutal com a obra de um homem que sempre acreditou que histórias — mesmo as mais duras — deveriam ser contadas com empatia.

    A vida de Rob Reiner

    Filho do lendário Carl Reiner, Rob construiu uma carreira marcada por filmes que atravessaram gerações, mas também por personagens femininas fortes, complexas e profundamente humanas. Ele entendia algo essencial: o amor, a amizade e o cuidado são territórios de conflito, não de idealização fácil.

    Harry e Sally - Feitos um para o Outro
    Harry e Sally – Feitos um para o Outro (20th Century Fox/Divulgação)

    É quase irônico — e profundamente cinematográfico — que Reiner tenha conhecido o amor de sua vida justamente durante as filmagens de Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro (1989), um dos filmes mais românticos da história de Hollywood. Na época, solteiro há uma década, e emocionalmente confuso (todos os absurdos que Harry diz no filme, incluindo a que não é possível ter amizade genuína entre homem e mulher, são falas pessoais de Reiner), ele decidiu que aquela história precisava de uma voz feminina. Encontrou essa voz em Nora Ephron, que escreveu Sally como uma mulher espirituosa, exigente, contraditória e dona de si, um retrato que ainda hoje ressoa com força entre mulheres de diferentes gerações.

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    Mas veja que ironia, durante as filmagens, Reiner se apaixonou pela fotógrafa Michele Singer. O romance mudou o rumo da própria narrativa do filme: o final originalmente amargo foi reescrito para ser feliz. A vida interferiu no cinema. Ou talvez o cinema tenha, mais uma vez, espelhado a vida.

    Se Sally se tornou um símbolo de mulher que sabe o que quer — inclusive na cena eternizada do restaurante — isso não foi acidente. Reiner sempre soube criar espaço para personagens femininas que não existiam apenas como interesse romântico, mas como eixo emocional da história. Basta lembrar de Annie Wilkes, em Louca Obsessão (1990): uma mulher aterradora não por ser monstruosa, mas por ser reconhecível em sua obsessão, controle e falsa devoção. Kathy Bates venceu o Oscar, mas o impacto da personagem nasce da direção precisa de Reiner, que entendeu o terror como algo íntimo, psicológico e relacional.

    Essa sensibilidade atravessa também A Princesa Prometida, onde o amor verdadeiro não é passivo, e Meu Querido Presidente, onde o romance surge entre responsabilidades, poder e vulnerabilidade. Reiner nunca filmou o amor como conto de fadas absoluto, mas como escolha diária, cheia de falhas.

    Talvez por isso um dos filmes mais importantes de sua trajetória seja também o menos visto: Being Charlie (2015). Dirigido por Reiner e escrito em parceria com o filho Nick Reiner, o longa nasceu de uma dor real: a luta de Nick contra a dependência química desde a adolescência. O filme acompanha um jovem viciado que entra e sai de clínicas de reabilitação, foge de tratamentos e testa, repetidamente, os limites do amor paterno.

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    Nos bastidores, Being Charlie foi um gesto radical de exposição. Reiner não protegeu a própria imagem de pai, nem suavizou o conflito. O filme mostra algo raramente visto no cinema americano: a impotência do amor diante da doença, o desgaste emocional das famílias, a culpa silenciosa e os limites que precisam ser impostos para sobreviver. Não há redenção fácil. Não há heroísmo. Apenas honestidade.

    Exibido no Festival de Toronto de 2015, o filme teve recepção dividida. Talvez porque seja difícil assistir a uma história que não oferece conforto. Hoje, Being Charlie se revela como uma das obras mais corajosas e íntimas da filmografia de Reiner, especialmente à luz dos acontecimentos recentes uma vez que Nick é hoje o principal suspeito do assassinato dos pais em 2025.

    Até o fim da vida, Rob Reiner permaneceu ativo. Ele deixou concluído Spinal Tap II, continuação tardia de This Is Spinal Tap, e apareceu recentemente na série O Urso, dialogando com uma nova geração sem nostalgia vazia.

    Fora das telas, foi um defensor consistente de causas progressistas e um homem que acreditava que ética e afeto caminham juntos. Ao falar do pai, Carl Reiner, disse certa vez que nunca recebeu conselhos diretos, apenas o exemplo de alguém que viveu com decência. É difícil pensar em definição mais precisa para o próprio Rob.

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    Seu legado não está apenas nos filmes que continuam sendo vistos e citados, mas na forma como ele escolheu olhar para as pessoas — especialmente as mulheres — com complexidade, ironia e respeito. Em um cinema muitas vezes ruidoso e cínico, Rob Reiner acreditou no amor sem ingenuidade. E talvez seja por isso que suas histórias ainda importem tanto.

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