Sex and the City foi mais do que uma produção de sucesso e prêmios, foi um fenômeno cultural internacional que conseguiu se manter vivo mesmo por mais de uma década depois de sua conclusão. Para mim, é extremamente nostálgica. Morava em Nova York quando explodiu o sucesso e reunia minhas amigas todos os domingos na minha casa para assistirmos juntas ao episódio. Éramos todas de lugares diferentes, eu do Brasil, outra do México, da Argentina, da Dinamarca, da Inglaterra, da Austrália, da Islândia, e, claro, dos Estados Unidos também. Minha amiga da Hungria, que morava em Los Angeles, também assistia e nos falávamos semanalmente sobre a série.
Todas nós nos identificávamos com as quatro personagens tão distintas e representativas. Miranda, a racional; Charlotte, a romântica; Samantha, a ousada e Carrie, as três coisas reunidas. E muito estilo. Sex and the City era tão boa que mesmo sendo sobre o universo feminino, interessava aos homens, que se surpreendiam e divertiam com as análises das questões colocadas a cada episódio. E sim, as noites de domingo eram regadas à Cosmopolitan, o drink que Sex and the city eternizou.
Morar em Nova York no período em que a série era gravada era curioso. A cada esquina, turistas nos paravam para perguntar sobre os bares, restaurantes ou lugares que apareciam em Sex and The City. Há até hoje tours bolados especialmente para visitar cada desses lugares. Também estava em Nova York em 2008, quando lançaram o primeiro longa-metragem que retomou onde a série tinha parado. Eram tempos de aglomeração e havia “torcida” e gritos no cinema quando cada uma das personagens aparecia. Era tão febril assim.
Por essa razão, ver que a HBO está avaliando fazer um reboot da série para o HBO Max trouxe saudade e curiosidade. Quando foi lançada, em 1998, a série se baseava nos artigos da jornalista Candace Bushnell, que era a autora do best-seller Sex and the City e tinha em Carrie Bradshaw seu alter-ego. Rever que no episódio piloto foi considerado ousado sugerir para uma “mulher fazer sexo como um homem” chega a ser quase ofensivo de tão sexista e datado. As abordagens de comportamento sexuais eram quase todas em cima de Samantha Jones, vivida brilhantemente por Kim Cattrall. Porém, no final das contas, o coração da trama ficou nos desencontros amorosos das quatro personagens e SPOILER ALERT todas terminaram “casadas e felizes para sempre”. Tanto Sarah Jessica Parker como o diretor, Darren Star já comentaram que hoje não teriam optado por essa conclusão tão comportada, mas vista na época como romântica.
Sarah Jessica Parker fez questão de ressaltar que a retomada de Sex and the City não será um remake, mas uma revisitação. Importante escolha de palavras. Com tanta coisa conquistada, com tantas questões importantes ainda sendo endereçadas, a ótica da série estaria desfocada e desconectada com muitas dos temas que (ainda) hoje são importantes. Sem mencionar que em tempos digitais, como seria a coluna de Carrie Bradshaw? Elas teriam um podcast? Canal no Youtuber? Ela certamente era a maior influencer antes as influencers!
Nos bastidores da produção há uma questão imediata. Kim Cattrall não apenas confirmou os boatos de desavenças no elenco que perseguiram a série por anos a fio, ela rompeu relações com Sarah Jessica no Twitter. Não teremos Samantha Jones, aparentemente. É um grande desafio…
Falar de Sex and the City, dos figurinos, dos lugares, das abordagens, das curiosidades é uma pauta sem fim. Para o Natal de 2020 já comemoro a notícia do reboot. Uma série que trata dos assuntos femininos com seriedade e leveza é importante e Carrie faz muita falta. Quem bom que vai voltar! E a maratona no HBO MAX é pra já!
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva