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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Reencontro com as Top Models: documentário nos faz viajar no tempo

Naomi. Linda. Cyndi. Christy. As grandes, as icônicas e definitivas Top Models

Por Ana Claudia Paixão
22 set 2023, 10h05
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  • Uma das frases mais icônicas dos anos 1990s talvez seja “não saio de casa por menos de 10 mil dólares”. Tirada do contexto, pode soar pedante. Hoje, podemos perceber que era uma mulher definindo seu valor. Linda Evangelista, que disse essas palavras, estava apenas comentando sua realidade. Ela lutou para chegar ao topo e, Deus… seu rosto estava em todos os lugares e todas as capas de revista por muitos anos. Era, realmente, linda. E não estava sozinha. Ao lado de Cindy Crawford, Naomi Campbell e Christy Turlington, cada uma mais estonteante que a outra. Linda definiu o que ficou conhecido como a geração das “super modelos”.

    Como as ondas de nostalgia são sempre de 30 em 30 anos, ou 40, não é surpresa os anos 1980 ainda andem em alta. Por isso, depois de rever as personagens de Sex and the City chegando aos 50, nada melhor do que encontrar as quatro amigas de verdade e da “realidade”, que por acaso eram as quatro mulheres mais bonitas do mundo, também na meia idade. O documentário da Apple TV PlusThe Super Models é mais do que uma viagem no tempo. É uma oportunidade de ouvi-las como raramente antes.

    Cindy, Naomi, Linda e Christy definiam o que conhecíamos como o glamour e a estética do final dos anos 1980 e grande parte dos anos 1990. Como naqueles anos pré-internet as revistas de moda, não contas do Instagram ou portais, eram as bíblias da beleza, elas eram as Deusas daqueles anos. Por isso, é tão bom ver que a energia das entrevistas no documentário e que a sororidade entre elas era genuína. E pode ser surpreendente lembrar que, por muitos anos, para “vender” revistas ou marcas, era preciso ter uma atriz famosa na capa. Isso mudou definitivamente com o quarteto. Elas não apenas vendiam os designers, mas marcas. Cyndi fez a campanha da Pepsi, Christy é o rosto da Eternity da Calvin Klein e assim foi. Apenas Naomi, que sofria com o racismo, só passou a ter chance porque as amigas brigaram por ela, em especial Linda, que por um tempo era ainda a maior delas.

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    Cindy, Naomi, Linda e Christy definiam o que conhecíamos como o glamour e a estética do final dos anos 1980. (Apple TV+/Divulgação)

    O documentário passa raspando em temas delicados de homens como Jean-Luc Brunel, que cometeu suicídio quando as investigações sobre Jeffrey Epstein (seu sócio) chegaram perto demais dele, também evita pressionar Naomi para abordar suas histórias de “mau comportamento” ou falar dos bastidores tóxicos do mundo da moda. Também mal mencionam a “quinta” supermodelo, Tatjana Patitz (que faleceu em 2023), enquanto trazem o canceladíssimo John Galliano em entrevistas e imagens de arquivo. Por outro lado, não apenas aprendemos mais sobre elas, mas sobre os fotógrafos lendários também.

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    Como nem tudo é beleza, Linda Evangelista protagoniza um dos momentos mais emocionantes quando relembra o fim de seu casamento abusivo com seu empresário, Gérald Marie, que chefiava o escritório da Elite Model em Paris e que foi acusado de ter estuprado e agredido várias mulheres.

    A fama trouxe críticas, desgastes e acusações de estrelismo (mostram mais as crises de Linda). A fama de difíceis foi crescendo, plantadas por homens como John Casablancas e aos poucos os cachês milionários. Como Linda mesmo lembra, arrependida de ter mencionado que ganhava bem, se tivesse sido um homem, jamais teria sido recebido com críticas.

    Mas como sempre, a fama foi perdendo a força, a simplicidade de Kate Moss parecia “matar” os excessos da década anterior, e o grunge mudou a moda. Como sempre na sociedade machista, a ‘culpa’ estava nas mulheres e rapidamente as modelos passaram a ser consideradas ‘caras demais’ (e também porque elas chegaram aos 30). Cada uma seguiu seu caminho. Pelo menos é incrível que um dos maiores vídeos de todos os tempos, Freedom, de George Michael, tenha imortalizado aquele período. Um hino que alimenta as lendas da música. E da moda! (Assista abaixo)

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