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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

Os jornais matutinos e as suas histórias

Para Ana Claudia Paixão, o diferencial de série 'The Morning Show', da Apple TV+, está na visão profunda e com mais realidade do jornalismo

Por Ana Claudia Paixão
8 out 2021, 22h45
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 (Apple TV+/Reprodução)
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Vou abrir a coluna já com uma promessa de voltar a escrever sobre filmes e séries que tratam dos bastidores do jornalismo. Mas hoje vou focar na segunda temporada de The Morning Show, da Apple TV Plus.

Há dois conteúdos bem distintos sobre jornalismo matutino, The Morning Show e Morning Glory, que captam a atmosfera de um jornal que abre o dia das pessoas.

Eu trabalhei em um telejornal desses e sei que acordar às 4 da manhã, animada e atenta, é bem difícil, especialmente para quem curte dormir tarde. Ter engarrafamento da galera na night, enquanto você está indo trabalhar não é exatamente animador.

De certa forma, o filme com Rachel McAdams relata um pouco melhor esse impacto, mas The Morning Show discute muito mais do que bastidores e audiência.

Não sei se um público mais jovem vai apreciar a visão da diretora, Mimi Ladder, e da showrunner, Kerry Ehrin, que querem falar sobre o efeito que as politicas do cancelamento e o feminismo têm sobre pessoas.

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The Morning Show é claramente inspirada em fatos e pessoas verídicas. Quem acompanha as notícias, o fato de que Kate Couric lançou seu livro essa semana, nos Estados Unidos, vai de encontro com a obra que Alex Levy, Jennifer Aniston, está trabalhando agora na série.

Na primeira fase, o foco foi o movimento do #metoo e a mudança das mulheres em ambientes de trabalho, dando um fim ao ambiente masculino tóxico.

Agora, através de Mitch Kessler, a showrunner Kerry Ehrin deu voz aos sentimentos de homens héteros sobre o momento comportamental que afeta várias gerações.

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Ao colocar o ator popular e doce como Steve Carell no papel do âncora cancelado trouxe o incômodo necessário para a história. Kerry, que tem 60 anos (é importante identificar a sua idade apenas para contextualizar sua narrativa) e vem de sucessos como “The Bates Motel”, é precisa em suas críticas e é justamente o que está nas entrelinhas, não necessariamente o que se vê à princípio da série, que faz de “The Morning Show” um conteúdo diferente.

Os bastidores de um jornal matutino é um ótimo cenário para contar a história. São jornalistas, em tese treinados para questionar e revelar as informações que precisamos para formarmos opinião, mas, ao mesmo tempo, são indivíduos competitivos, perdidos e problemáticos.

A complexidade das relações é um dos temas da série. O imediatismo, a transparência (ou falta de), a polarização e a cobrança retroativa geram angústia nas gerações anteriores, representadas pela personagem de Jennifer AnistonAlex Levy.

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Jennifer, que ganhou o SAG como melhor atriz pela série, aceitou o desafio de uma personagem frequentemente antipática, às vezes duvidosa, e está muito bem.

Já Reese Witherspoon, com Bradley Jackson, volta às personagens ansiosas e irritadas, que têm razão em suas lutas, mas poucos aliados devido à sua personalidade.

Bradley e Alex sempre foram colocadas para competir, mesmo com elas se esforçando a manter sororidade, porém estão em uma posição na qual o gênero não se aplica, que é a luta pela liderança e poder no programa que conduzem.

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São tantos os assuntos que Kerry Ehrin traz à tona em cada episódio, criticando todos os lados, que demanda tempo para respirar. Mas fica a recomendação de acompanhar!

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