Há um paradoxo para quem acompanha as premiações: as cerimônias ainda estão longas e, a cada ano, mais previsíveis. Em 2024, não será diferente. A noite já tem seus favoritos e honestamente, não espero zebras. Se você acha que já sabe quem vai ganhar, pode ter certeza: sabe mesmo.
A prévia da grande noite de 15 de setembro já foi dada com a entrega das estatuetas “técnicas”, que, para encurtar uma festa que já tem 3 horas, foi dividida em dois dias. Os vencedores foram em grande parte séries que vão dominar o Emmy Awards 2024 como Xógum, The Bear e Bebê Rena.
Isso mesmo, o revival de Shogun bateu recorde e é hoje a série mais premiada em um único ano, com nada menos do que 14 vitórias até agora. Isso reforça a estimativa que seus atores principais também têm chances, algo que contribui para o surgimento de um Emmy histórico, o de Melhor Atriz Drama para Anna Sawai.
Na primeira metade de 2024, todos estavam apaixonados por Mariko, a personagem que a atriz neo-zelandesa interpretou em Xógum. Anna, que cresceu bilíngue (fala inglês e japonês), tem a mesma habilidade linguística de sua personagem e concorre com grandes nomes como Jennifer Aniston, Reese Witherspoon (The Morning Show), Carrie Coon (The Gilded Age) e Imelda Staunton (The Crown), mas é tão “novata” como Maya Erskine (Sr. e Sra. Smith). Para mim, é a favorita, mas pode ser porque eu esteja na torcida!
Independentemente do destino trágico de sua personagem (para quem conhecia o livro ou a série de 1980 sabia o que estava por vir), Mariko sempre seria um papel que iria mudar a carreira de Anna Sawai. Mariko era desafiadora em todos os sentidos: inspirada em uma história real, ela navega no machista e opressivo universo de um Japão feudal, um mundo de honras e regras muito duras para nós ocidentais.
Sofrida e submissa por conta dessas regras, Mariko é linda e fascinante, uma mulher inteligente e vital para a estratégia política de Toronaga (Hiroyuki Sanada), o xógum do título. Além disso, ela é o interesse romântico do protagonista inglês, John Blackthorne (Cosmo Jarvis).
“Blackthorne é o único que a vê como um ser humano, que realmente a respeita pelo que ela é. Os outros homens olham para ela como uma propriedade, ou como alguém que está três passos atrás”, Anna comentou com o NY Times.
Mas muito mais do que isso, o desafio para Anna era se igualar ao lendário desempenho da atriz Yoko Shimada, a Mariko da versão de 1980. Pelo papel, Yoko ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Drama, o primeiro de uma atriz asiática nos Estados Unidos, além de ter sido indicada ao Emmy. Portanto, em 2024, todos apostam em Anna fazendo história no Oscar da TV.
O favoritismo é justificável. Anna superou todas as expectativas e transformou Mariko em sua. Ela nos transparece toda virtude e complexidade da personagem, cujo sacrifício final nos pareceu ainda mais triste quando sonhamos com algo melhor para ela.
Ela passou nove episódios sofrendo: com o passado de sua família, com um casamento abusivo e forçado com um homem que não ama, com sua fé católica em conflito com sua cultura e seu amor por um homem estrangeiro que é o símbolo do que ameaça seu país. Sua jornada aconteceu em meio a dor, conflitos e pouca esperança.
São várias cenas incríveis de Anna em Xógum, desde suas traduções adaptadas para ajudar ambas as partes, sua observação de tudo, sua tristeza e sua postura de líder até seu último momento de vida, quando Ishido (Takehiro Hira) coordena seu assassinato, mas Mariko parece escapar até que – para salvar os demais – se sacrifica.
“Ela não está apenas respondendo às necessidades de seu senhor, mas também protestando contra a morte de seu pai – todo o legado da família. Mesmo que todo o Japão veja seu pai como desleal, ela ainda defende o que ele fez”, explicou em uma entrevista ao NYT.
Anna Sawai vem ganhando destaque há tempos. Filha de uma professora de piano, aprendeu a tocar e cantar desde os 3 anos. Por conta do trabalho de seu pai, técnico de uma empresa de eletrônicos, sua família se mudou várias vezes enquanto ainda era menina: saíram da Nova Zelândia, foram para Hong Kong e depois para as Filipinas, até se estabelecer no Japão, quando já tinha 10 anos.
O teatro já fazia parte de sua vida e ela estreou nos palcos já com o papel título do musical Annie com apenas 11 anos. Sim, Anna luta, dança e canta. Muito bem, aliás.
Ela é famosa no Japão como uma das vocalistas principais do grupo feminino Faky, do qual fez parte por cinco anos, tendo saído em 2018 para se dedicar ao cinema e TV.
Sua estreia no cinema foi com o filme de artes marciais neo-noir Ninja Assassin, de James McTeigue, e, ainda como coadjuvante, esteve no elenco da série japonesa Colors, assim como da britânica Giri/Haji.
Passou rapidamente por Velozes e Furiosos 9, em 2021, até ter maior destaque nas séries da Apple, Pachinko e Monarch.
Foi com Monarch, o spin off de Godzilla, que Anna alcançou maior público, mas nada realmente comparável ao destaque de Xógum, pelo qual, definitivamente, vamos lembrar dela.
Até então ela sempre era moderna, mas nem mesmo os trajes restritivos e autênticos da época interferiram em sua agilidade corporal. Ainda não há um trabalho futuro anunciado para Anna Sawai, mas isso deve mudar em pouco tempo. Com sua Mariko tão inesquecível, ela é, sem dúvida, uma das principais estrelas de 2024.
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