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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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Entrevista com Freya Allan: a estrela de ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’

Atriz, que também é uma das estrelas de The Witcher, conversou com exclusividade com CLAUDIA sobre os desafios de uma carreira longe de Hollywood

Por Ana Claudia Paixão
3 Maio 2024, 15h00
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  • Quando conversei com a atriz Freya Allan pela primeira vez, em 2020, ela estava para estrear na badalada série The Witcher, na Netflix. Sorridente, ela era praticamente uma estreante, mas estava justamente com um dos papéis mais relevantes da história, o da Princesa Cirilla de Cintra, ou Ciri. Tendo a visto a meros meses de virar uma atriz reconhecida em todos os cantos do mundo, foi muito interessante reencontrá-la, via Zoom, no início de 2024.

    Agora já é uma mulher de 23 anos e é fácil ver seu amadurecimento, sem que tenha alterado sua simpatia. Freya decidiu que queria ser atriz quando tinha apenas 11 anos, e hoje já é estrela com nada menos do que DUAS franquias de peso em sua filmografia, isso porque, além de The Witcher, ela está na nova fase de O Planeta dos Macacos, com grande destaque no filme Planeta dos Macacos: O Reinado, que estreia nos cinemas brasileiros em maio de 2024.

    É sobre esse filme que ela sentou para um papo exclusivo com CLAUDIA.  A simplicidade e transparência de Freya são contagiantes: ela não tem rodeios em detalhar o árduo e longo processo de audições onde testa para os papéis e passa até anos sem ter retorno, falar de The Witcher, a expectativa da próxima temporada e até de rumores da Internet sobre sua personagem no filme Planeta dos Macacos: O Reinado, que movimentou as redes sociais.

    Sim ela se chama “Nova”, como a personagem do filme 1968, mas é um easter egg mais do que um grande segredo. Na história original de 1968, os humanos são considerados formas de vida inferiores e são caçados e escravizados por macacos, algo que volta a acontecer em O Reinado.

    A trama se desenvolve quase 300 anos depois da Guerra do Planeta dos Macacos de 2017, quando a maior parte da humanidade foi exterminada pela gripe símia original, e os que sobreviveram são primitivos, não mais a espécie dominante do planeta. Mae, a personagem de Freya Allan, é diferente e apenas a última cena do longa é que vai realmente revelar quem ela é. Dito tudo isso, o papo com a atriz é sem spoilers, não há nada que revele o segredo do filme. Mas pode te deixar com maior curiosidade…

    freya planeta dos macacos
    Freya e eu, durante nossa conversa pelo Zoom. (Divulgação/Divulgação)

    CLAUDIA: Falei com você há dois anos, no lançamento de Witcher. É ótimo te ver de novo e vou direto para o filme. O que você pode compartilhar comigo sobre Nova? Tem muita coisa acontecendo e as pessoas tentando descobrir se ela é a pequena garota do último filme, ou se ela é uma ‘nova’ Nova?

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    Freya: Ela não é a menina do último filme. São 300 anos depois do último filme, então é uma nova garota. [risos]

    CLAUDIA: Uma “nova” Nova é uma coisa boa.

    Freya: Sim! Sim! E o que eu posso te dizer sobre ela? Posso te dizer que ela tem um ótimo arco e uma história incrível. Me sinto muito agradecida por ser a representante da humanidade neste filme, seja isso uma coisa boa ou ruim. Estou muito animada que as pessoas possam descobrir de onde essa garota veio e de quem ela é.

    CLAUDIA: Sim, e você está ciente de quantas teorias estão rolando na web sobre ela? [A entrevista foi ANTES do lançamento do filme e as redes sociais estavam alucinadas com o trailer]. Falam de viagem no tempo, de conexão com outros filmes…

    Freya: Tenho acompanhado sim e é muito interessante, tem muitas teorias diferentes.

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    CLAUDIA: Qual foi a favorita? Alguém chegou perto? Não precisa me dizer qual.

    Freya: Eu vi uma que foi bem próxima. Mas nós vamos ter que suprimir os detalhes no nosso papo.

    CLAUDIA: Sim, vamos evitar spoilers. Provavelmente você já foi perguntada antes, mas o que conhece da franquia Planeta dos Macacos? Eu conhecia a série da TV, que vi em reprises, mas os filmes também só vi quando passaram na TV, não era nascida na época do original e cresci com uma ideia, tive outra perspectiva com os reboots e agora os mais recentes. Como você não tem idade para ter visto eles [risos], então, o que você sabia dos filmes, do livro e da história?

    Freya: Pois é, eu tinha 12 anos quando fui ver Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes), de 2014, e que é o segundo da última trilogia. Fui com o meu pai e lembro de ter ficado confusa com o tempo, com como foi feito. Por isso, quando consegui o teste para o papel, voltei e reassisti a última trilogia e os dois filmes originais. Quando fui escalada para o papel, já estava intrigada para ler o livro! Então também li, que é próximo do que foi o primeiro filme [de 1968]. Portanto, agora muito mais por dentro do mundo do Planeta dos Macacos, mas é louco pensar que vi o filme com 12 e hoje estou aqui.

    CLAUDIA: Há toda uma sequência nesse que é exatamente igual à do filme de 1968, e fãs estão vendo todos os easter eggs. Como foi trabalhar com CGI, de novo? Ainda é desafiador?

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    Freya: Te conto que foi bem diferente e definitivamente mais desafiador, porque em algo como The Witcher estou lutando contra monstros, mas, surpreendentemente, é muito mais fácil lutar contra o ar. [risos] Muito mais fácil do que lutar com pessoas jogando coisas em você. [Risos]. Na verdade, é como uma rotina de dança.

    Cena de
    Cena de “Planeta dos Macacos: O Reinado” (Divulgação/Divulgação)

    CLAUDIA: Tem que usar a imaginação?

    Freya: Sim, a dificuldade também é porque quase sempre estou olhando para um cenário que não está lá, mas ainda não tinha tido que fazer cenas em que meu parceiro não estivesse lá. Assim, tive algumas ocasiões desafortunadas nas quais tive que contracenar com uma bola de tênis [risos], quando os atores não estavam lá. Nesse filme foi mais constante.

    CLAUDIA: Como era?

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    Freya: Eu gravava a cena com os atores vestidos em suas roupas com equipamento para o CGI, aí eles saíam e eu tinha que refazer a cena sem ninguém lá. O lance era tentar encontrar um lugar na distância com o olhar, para que estivesse no ângulo correto, especialmente quando você está interagindo fisicamente com os “macacos” e tem que repetir a interação física, só que com o vento!

    CLAUDIA: Vou insistir um pouco: como será a relação entre Nova e Noa, o novo líder dos macacos?

    Freya: A relação deles é muito… [dá uma pausa]. Sinto que o coração desse filme é essa relação, porque eles descobrem uma perspectiva diferente de tudo através de si mesmos. Eles estão redefinindo o espaço entre macacos e humanos e percebem quantos crossovers existem entre os dois universos, como eles não são tão diferentes quanto pensavam ser.

    CLAUDIA: O processo de teste foi muito difícil?

    Freya: Primeiro recebi um e-mail, como acontece antes do teste, e vi o tema, que era Planet of the Apes, e eu pensei, “meu Deus, esse é um filme grande!”. Chamei a minha mãe e falei “eu tenho uma audição para o Planet of the Apes”, e ela também disse, “isso é enorme!” [risos]. Então fiz um self-tape [uma gravação em casa, lendo o texto], e eu não ouvi nada por anos! Por isso, pensava que não tinha conseguido o papel. Aceitei e segui a vida. Um dia recebi uma chamada de volta quando estava no set de Witcher, e meu agente disse que a diretora de elenco, Debra Zane, queria fazer uma nova audição, agora via Zoom.

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    CLAUDIA: Anos depois?

    Freya: Sim! Então eu fiz a audição por Zoom, onde me pediram para fazer uma leitura para testar a química com o Owen [Teague, que interpreta Noa]. Wes [Randall, o diretor] também estava no grupo. As outras atrizes que testaram fizeram a leitura pessoalmente, então eu pensei “meu Deus, isso é muito ruim! Ter que fazer isso via Zoom!”, mas eu e Owen clicamos, mesmo através de uma tela. Foi a mesma coisa com o Wes, eu apenas amei a direção dele, mesmo na audição.

    CLAUDIA: E escolheram logo?

    Freya: Não, e eu fiquei querendo mais! [risos]. Depois, recebi uma mensagem dizendo que estava entre eu e outra garota, mas queriam que eu saísse para a Austrália [onde gravam The Witcher] para fazer um teste pessoalmente. Assim que acabei a minhas cenas na temporada 3, peguei um avião para Los Angeles, onde gravei muitas cenas, incluindo uma com o Owen, de lá fui para Alemanha para fazer novas tomadas de outro projeto. Tinha chegado há menos de 24 horas, e estava esperando um Uber quando finalmente recebi uma mensagem do meu agente dizendo em maiúsculas que tinha conseguido o papel. Dei um grito e meu amigo me perguntou o que tinha acontecido, só consegui dizer que estaria no Planeta dos Macacos. Entrei sozinha no Uber e chorei. Estava sozinha em Berlim e processando todo esse momento.

    CLAUDIA: É a segunda grande franquia do qual faz parte! Aliás, seu nome andou até circulando entre fãs que te queriam como uma Targaryen nas séries do Game of Thrones!

    Freya: Oh, eu estou nesse show também? [risos diante da surpresa dela

    ]CLAUDIA: Aparentemente, os fãs gostariam, então, dedos cruzados! Voltando ao Planeta dos Macacos, a história toda passa por um cenário desesperançoso para humanos e é uma metáfora para muito do que está acontecendo. Há esperança?

    Freya: Isso é o que eu sinto que é tão único nesse filme. Há uma sensação de esperança em toda história, há juventude no centro da história, com Noa e Nova, e com essa aprendizagem e a evolução deles, crescendo e ganhando uma perspectiva diferente sobre esse mundo, realmente vem essa sensação de esperança. Mas dito isso, há também um sentimento de tragédia, que eu acho muito interessante. Obviamente, ainda tem temas muito profundos, mas definitivamente não é um filme de escuridão. É visualmente tão luxuoso e rico, então eu acho que vai ser realmente refrescante ver esse novo sentimento com o nosso filme.

    CLAUDIA: Vou aproveitar que estamos aqui e te perguntar sobre Ciri e The Witcher! Você cresceu – literalmente – com a franquia. Como ela mudou a sua vida?

    Freya: Sou muito sortuda, porque minha família mora em Oxford, na Inglaterra, e como não é exatamente Hollywood consegui ficar bem com os pés no chão. Genuinamente, quando volto para casa, minha vida é muito normal. Ainda estou com todos os meus amigos que eu conheci desde que eu tinha 11 anos de idade, na escola. Me sinto muito grata por ter isso de volta. Mas, é claro, há momentos em que olho e não posso acreditar que com 14 anos de idade estivesse fazendo parte desse tipo de projeto. Nesse sentido, é uma grande mudança e uma benção, mas tenho sorte de ter as circunstâncias para voltar para uma vida normal na Inglaterra.

    CLAUDIA: O que pode dizer da próxima temporada?

    Freya: A temporada 4 será mais densa, a Ciri vai se sentir muito diferente e acho que isso é realmente emocionante, sabe? Há realmente uma mudança dramática nela que será emocionante de interpretar.

    CLAUDIA: E vem com diferenças no elenco! [ A entrevista foi antes da Netflix anunciar que The Witcher vai ser descontinuada]

    Freya: Sim, eu espero que as pessoas queiram ainda ver esses personagens completarem suas histórias, porque há uma boa história para eles e, sim, ver o Liam [Hemsworth, que substitui Henry Cavill] como um novo rosto e uma interpretação. Porque ele mudou, mas também ainda temos o resto do elenco original! Vale a pena ficar de olho nessas novas histórias.

     

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