No dia 31 de agosto de 2022, completam 25 anos desde a morte trágica e inesperada de Diana. A princesa, que passou o verão de 1997 nas capas das revistas, estaria apaixonada e feliz, tendo encontrado a liberdade sem a Família Real. Aos 37 anos, tinha tudo para finalmente ser dona do seu destino. Não fossem os paparazzi cada dia mais famintos em seu encalço.
A força do nome de Diana e sua popularidade continuam inabaláveis, senão mais fortes, 25 anos após sua morte. Está no patamar de poucos, como Marilyn Monroe e Elvis Presley, cujas imagens seguem vendendo e seduzindo gerações. Diferentemente dos dois artistas que criaram filmes e músicas, Diana Spencer era apenas uma princesa, mas uma princesa que mudou a maneira para o qual olhamos para os contos de fadas.
A corrente de que naqueles dias sua instabilidade emocional e até paranoia estariam afetando suas relações pessoais é rejeitada por fãs que se opõe à versão atribuída ao Príncipe Charles sobre parte dos motivos que aceleraram o fim do casamento. Porém, é inegável que a confirmação de que o jornalista Martin Bashir reforçou os piores medos de Diana para manipulá-la a fazer a marcante entrevista da BBC, um ponto vital para o rompimento belicoso não apenas com o marido, mas com a instituição que a protegia, sugere que havia sim um grau de insegurança em Diana.
Ela estava convencida da existência de complôs contra sua vida e os documentos falsos do repórter corroboram minimamente para a versão de que ela não estava se sentindo segura ou apoiada, acreditando no pior. Infelizmente, a maior tristeza é ter a certeza de que a princesa morreu ainda com as mágoas de seu casamento desfeito vivas no seu coração. Na época de seu acidente, acreditava piamente de que Camilla Parker-Bowles e ela tinham sido substituídas pela então babá de Harry, Alexandra Pettifer, mais conhecida como Tiggy. Isso era mentira. O que ela acertou foi que a viuvez de Charles permitiu que se casasse com Camilla, que agora será a Rainha Consorte quando ele subir ao trono. Em suma, os medos de Diana se confirmaram.
Não é surpresa então que, um quarto de século depois de sua morte, que a pulga atrás da orelha coce. A conveniência de um acidente de carro, exatamente como Diana avisou que estavam armando, apagou de vez sua voz. Jamais sua força. Se a tecnologia não tivesse reduzido o planeta através das redes sociais, a lenda de Diana ainda existiria, mas o impacto de seus fãs seria menos volumoso. Mesmo com o tempo passando, se questiona como aconteceu o acidente. Como a única testemunha viva perdeu a memória e nunca falou dos minutos finais que tiraram a vida dela. Se até hoje desconfia-se que a morte de Marilyn não foi acidental, imagina uma princesa em fuga?
E não tem jeito. O filme Spencer, que rendeu a indicação ao Oscar para Kirsten Stewart, reconta a vida de Diana pouco antes da separação, mas já no estado mental de total desconfiança. O longa aludiu aos medos da princesa e inclui uma cena em que ela pergunta “você acha que eles vão me matar?”, usada no trailer sem contexto. Na narrativa, a cena é porque Diana interrompe uma caçada e por isso receia que possa correr risco. Claro, ainda assim, uma metáfora nada sutil.
Há muitos documentários que focam nas horas finais de uma mulher tão fascinante como Diana. O principal será a próxima temporada de The Crown, que vem aí antes do final do ano, depois das febres de fantasia de House of the Dragon e Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, pronta para endereçar esse período que Charles queria que já estivesse quase esquecido. Suspeito que 25 anos depois, a dor de cabeça possa estar apenas começando.