Assim como a moda e o lifestyle, o mundo da decoração renova o seu olhar a cada ano. Marcas e trend setters estão sempre atentos aos comportamentos da sociedade e seus interesses. No entanto, as tendências para casa não costumam desaparecer com a mesma velocidade dos estilos de se vestir, por exemplo.
“Isso se dá pela própria natureza do comportamento com a casa. Temos uma forma de morar que muda bem lentamente ao longo dos anos. Diferentemente da vestimenta, que podemos trocar de ‘tema visual’ até várias vezes por dia, convivemos com a nossa escolha de móveis o tempo inteiro. Não dá para guardar um sofá na cômoda, não é mesmo?”, pondera Edson Coutinho, coordenador de tendências de design da Tok&Stok.
Logo, fica a cargo dos objetos de decoração, a função de renovar a casa com agilidade e trazer o frescor do que está na moda. Um dos guias dessas mudanças são os relatórios de tendências publicados mundo afora e que apontam para cores, texturas e acessórios must have. Mas nem tudo funciona para os lares brasileiros.
“Por aqui, acredito que o ponto de partida na decoração sejam as cores. Ainda que as casas brasileiras sejam predominantemente brancas, beges e cinzas, as cores do ano movimentam e aguçam um interesse comum. Isso porque as tendências refletem um estado de espírito: ainda que eu não seja ou esteja, eu quero ser e estar”, explica o designer de interiores Newton Lima.
“O mercado já apresenta sinais de saturação nas formas orgânicas em mesas, sofás e tapetes. Da mesma forma, o ripado nas marcenarias também é algo que os clientes já estão recusando nos projetos”
Newton Lima, designer de interiores
Por aqui, tendências que valorizam um resgate afetivo da casa também têm sucesso garantido de consumo. “Não é à toa que fibras naturais, cerâmicas artesanais, estampas autorais inspiradas na cultura popular, móveis de madeira e até as redes fazem tanto sucesso”, complementa Edson.
Mas enquanto aproveitamos os primeiros meses do ano para abrir espaço para o que deve bombar em 2024, tem muita tendência saindo cautelosamente dos holofotes.
O que sai de vista no setor de interiores em 2024?
É necessário olhos atentos e até um pouco de paciência para identificá-las, já que o conceito de desuso na decoração é um processo complexo e só percebemos os resultados anos ou décadas depois.
“Costumo assistir aleatoriamente alguns capítulos de reprises de novelas dos anos 1980, 1990 e 2000. Ali, é muito claro o que era e deixou de ser, o que a gente curtia e ficou ‘cafona’ e o que segue sendo revisitado até hoje”, conta Newton.
“Atualmente, percebo que o mercado já apresenta sinais de saturação nas formas orgânicas em mesas, sofás e tapetes. Da mesma forma, o ripado nas marcenarias também é algo que os clientes já estão recusando nos projetos”, complementa o designer de interiores.
Além deles, a estética industrial também dá sinais de despedida. “Ela evoluirá para acabamentos mais suaves e acetinados aplicados em formas com menos informação de ‘resgate’ industrial e mais limpas visualmente. Com isso, a hegemonia do cinza vai cedendo espaço aos poucos para cinzas modificados, aquecidos com subtons de marrom e materiais mais sofisticados”, aponta Edson.
Para o coordenador de tendências, os laqueados brilhantes, os painéis de TV e os móveis de pés-palitos também perderão espaço nos próximos anos. Nos resta observar e ficar de olho no que sai de cena. E vale lembrar, os clássicos nunca saem de moda, mas ficar de olho nas tendências é sempre divertido, não é mesmo?