Galeria de fotografia é inaugurada em prédio histórico no centro de SP
A galerista Constance Franciosi escolheu um endereço emblemático na cidade e criou um acervo com fotógrafos renomados e jovens talentos
São Paulo acaba de ganhar um novo espaço especializado em fotografia, a Constance Estúdio Galeria, idealizada pela galerista Constace Franciosi. E o endereço não poderia ser mais charmoso: a Av. São Luiz, na região central da cidade. Definida antes mesmo da pandemia, a localização foi um dos primeiros passos do projeto. A escolha de um prédio tombado da década de 40, de Arnaldo Maia Lello, foi pensada para enaltecer o centro, valorizando o entorno rico em arquitetura e história e tornando a própria visitação à galeria uma experiência especial. Para visitar, aliás, é preciso fazer agendamento prévio.
Constance fez questão de compor um acervo plural, assinado por fotógrafos que são vozes ativas em diferentes segmentos. Entre eles estão os renomados Nelson Kon, citado pelo crítico Eder Chiodetto como “o fotógrafo brasileiro de arquitetura mais proeminente da nossa geração”, e Adriano Gambarini, que este ano completa 30 anos de carreira registrando a biodiversidade brasileira. Para completar, jovens talentos em ascensão, como o fotojornalista Lucas Landau e a capixaba Carol Vargas com seu trabalho experimental.
Segundo Constance, a rede de parceiros deve ser ampliada em breve. “Este é o início de um projeto em construção como parte de uma retomada cultural após um grande período de paralização. Queremos trazer de volta à tona a fotografia assinada por profissionais que contemplam uma trajetória expressiva a ser compartilhada, além de levar história e sentimento para dentro das casas dos nossos clientes”, diz a galerista que conta mais sobre seu trabalho e o novo projeto em uma entrevista exclusiva logo abaixo!
Como surgiu seu interesse pela fotografia e a ideia de montar uma galeria especializada nesse segmento?
Foi a fotografia que veio até a mim. Eu estava em um período de transição profissional – vinha de um histórico como artista e produtora cultural no Rio de Janeiro – e me indicaram para um casal de galeristas que estavam expondo serigrafias de Andy Warhol, em São Paulo, para representá-los comercialmente em uma exposição. Durante a exposição, conheci um consultor de marketing que ao conversar comigo, me sondou se eu teria interesse em me mudar definitivamente cá e trabalhar numa galeria de fotografia, a Fotospot, de Cassio Vasconcellos e Lucas Lenci. E foi assim que a fotografia chegou na minha vida, de paraquedas. Eu tive o privilégio de começar com nomes renomados em uma galeria relativamente pequena, onde tudo era compartilhado, e foi ali que passei a estabelecer uma conexão com o universo FineArt.
A ideia de montar uma galeria especializada nesse segmento veio por diversos motivos, entre eles está, essencialmente, o propósito de dar voz a profissionais da fotografia, fomentar essa cultura e conectar com novos clientes que vão muito além dos colecionadores. Isso aconteceu depois de ter observado uma demanda de mercado por um serviço especializado que ofereça dois pilares que julgo essenciais: uma curadoria que valorize o trabalho dos fotógrafos somada a um atendimento personalizado e acolha o cliente para que através da escuta, possa guia-lo em direção a fotografias que os inspirem, dando suporte até o resultado final em sua casa.
Como foi a busca pelo imóvel ideal para instalar a galeria?
Eu precisava visualizar ele acontecendo em um lugar que possibilitasse a realização das minhas ideias. O projeto precisava caber dentro da minha realidade e, para isso, pensei de cara em procurar um imóvel em que eu pudesse ter a galeria ao mesmo tempo que fosse minha residência, para começar. Por isso, o imóvel precisava ter algumas características específicas e espaço para que isso fosse viável. A soma da busca por um imóvel amplo, com pé-direito alto e a paixão pela história, me fez pensar diretamente no centro de São Paulo. Eu sabia que iria encontrar meu apartamento lá. A arquitetura é um retrato do tempo e o centro contempla a história de São Paulo. História é o que carrega uma imagem. Tudo isso é quase uma fusão pra mim. Eu queria ter isso tanto na minha vida particular, assim como transmitir esses valores e essa experiência aos meus clientes.
Mas não foi tão fácil… Até conseguir, eu andei muito pelo centro batendo nas portarias dos prédios e fiz algumas tentativas, até que uma amiga me indicou o Santa Rita. Quando eu conheci o prédio eu morri de amores e decidi que seria nele e que teria que dar um jeito. Consegui um número de uma conhecida (agora minha amiga) que morava no prédio e pedi ajuda. Cheguei a fechar um apartamento em que a proprietária depois deu para trás e, logo depois, consegui o meu. Ainda realizei uma reforma de 6 meses nele, pouco antes da pandemia.
Como você planejou o espaço expositivo?
O espaço expositivo foi planejado de forma que possibilitasse que as obras ficassem distribuídas por todos os espaços, e que fossem adaptáveis às diferentes necessidades: uma sala de estar com projetor que pode acolher uma pequena palestra, uma sala de reuniões que também pode acolher um curso, um escritório funcional para produção e atendimento ao cliente, e o melhor de tudo: um ambiente acolhedor que aproxima o cliente de um ambiente real, de forma a facilitar que consiga ter uma melhor percepção de proporções e possibilidades na escolha da sua obra. O essencial no ambiente para expor fotografias é apenas ter uma parede vazia.
Como foi a escolha dos profissionais que compõem o acervo?
Na verdade ele está sendo montado, esse é um processo constante. Eu abro as portas com 8 fotógrafos, porém, acervo atual não é um fim, mas apenas um começo. Já tenho fotógrafos em processo de entrada após a abertura, e estou de olho em novas parcerias para somar. Os próprios fotógrafos da galeria também tem novos trabalhos aguardando o momento para lançamento, e a ideia é que tenhamos constantemente novidades em nosso acervo.
Como eu já trabalhava no ramo, eu já conhecia o trabalho de alguns profissionais, e para começar esse projeto comigo, convidei fotógrafos que representassem o que acredito ser a essência de uma “fotografia assinada”, que são imagens repletas de história e significados por trás de uma vida dedicada a essa profissão, de autores que tem uma conexão profunda com a fotografia, histórias pra contar, e que mesmo em segmentos e com trajetórias distintas, compartilhassem dessa mesma essência. E foi assim que cheguei num acervo plural, diversificado e repleto de significados possibilitando diferentes conexões aos meus clientes, ao mesmo tempo que dou voz e visibilidade a esses profissionais.
Quais são suas expectativas para a inauguração neste momento de retomada da vida cultural na cidade?
Estou muito feliz em poder fazer parte dessa retomada, num momento tão significativo como esse em que estamos passando, onde paira a tristeza, desesperança e desvalorização da cultura. Eu vejo essa inauguração como uma luz, um respiro em meio a isso tudo. Tanto por ser um negócio que está abrindo as portas meio a tantos que fecharam, mas principalmente pela mensagem que ele carrega, que é fomentar cultura, agregar conhecimento e conectar pessoas, através da fotografia e com profissionais que tem muito a dizer. Eu sinto a receptividade e vibração das pessoas com a notícia, e observo também que em paralelo tenho outros parceiros comigo andando na mesma direção. Temos chão pela frente, e estamos preparados para ir além. É tempo de acreditar e inspirar pessoas, e viemos para somar nessa corrente.
Constance Estúdio Galeria
Agendamento de visita pelo 11 97188-9148
Endereço: Avenida São Luís, 71
E-mail contato: atendimento@
Site: www.constancegaleria.com