Regina Volpato abre seu lar: “Morar sozinha foi uma conquista”
Em um apartamento onde o verde emoldura as janelas, a apresentadora mostra como o cuidado com o seu lar foi um caminho para a felicidade
Se tem um lugar que Regina Volpato gosta de estar é fora da sua bolha. Com experiências tão diversas nos canais abertos da televisão e também na internet, a apresentadora possui o talento raro de se comunicar com os mais diferentes tipos de público.
Prestes a estrear no Chega Mais, novidade do SBT que chega em 11 março, a jornalista faz sucesso em redes como o TikTok, palpitando sobre dilemas de seus seguidores de forma irreverente — ganhou até o apelido de “a maior conselheira da internet”. Regina também está no videocast O Amor na Influência, da Amazon, no qual dá conselhos de relacionamento ao lado do ator Gabriel Santana, de 24 anos.
“Eu converso com pessoas, independentemente da idade, raça, vestimenta ou qualquer coisa. Quando digo a minha idade no podcast, as pessoas falam: ‘É? Nossa!’. Quando a comunicação se estabelece, pouco importa. Fica fácil, eu falo, o outro entende e devolve. E assim a conversa flui: seja no trabalho, na vida pessoal, no podcast. Acho que essa minha curiosidade e o querer me comunicar faz com que esses entraves não exerçam influência nenhuma.”
Assim que abre a porta de seu apartamento no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo, ela dá um sorriso largo e solta: “Chegaram na hora certa, estava terminando de passar a roupa!”.
Ao lado de sua inseparável companheira de quatro patas, Ágata, a jornalista recebe nossa equipe com a alegria típica de quem tem o dom de deixar os convidados à vontade. Extremamente organizada, ela mostra alguns looks que selecionou para este editorial, inclusive alguns reservados para sua estreia no SBT.
Apesar da preocupação com o figurino das fotos, a artista não tem apego com um visual dito impecável: “Quando as pessoas me vêem nos stories descabelada, suada, com a alça do sutiã aparecendo, elas pensam: ‘Ah, ela também!’. No imaginário há uma fantasia de que a gente vive assim [aponta para o rosto maquiado]. Pois hoje levantei cedo para lavar o quintal, limpar o cocô da Ágata… Então, a gente acaba se comportando em todas as situações como uma pessoa normal, porque eu não estou na bolha. E se depender de mim eu nunca vou ficar. Não quero”.
Por cinco anos, Regina esteve à frente do programa Mulheres, da TV Gazeta, posto que ocupou até julho do ano passado. Sua saída causou um rebuliço nas redes sociais, e logo foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter: o público a queria nas manhãs da Globo. Com muitas emissoras de olho em seu trabalho, a mais rápida foi a de Silvio Santos, que a convidou para estar ao lado da jornalista Michelle Barros e de Paulo Mathias.
A nova atração matinal promete trazer debates, giro de notícias e variedades. Esta é a segunda passagem de Regina pelo SBT. Entre 2004 e 2008, ela comandou a primeira fase do Casos de Família, onde deu um tom mais ameno e de conciliação ao programa.
“Estou muito animada, porque não tenho dúvidas de que vou me divertir. Ainda não fiquei nervosa, talvez fique. Por enquanto estou curtindo toda essa novidade”, detalha sobre a estreia do programa.
“Às vezes, as pessoas associam casa com status. A minha casa é gostosa, mas não acho que seja uma casa em que alguém tenha medo de sentar.”
Regina Volpato, apresentadora
A carreira profissional sempre foi uma das prioridades da vida da apresentadora, e foi por causa do trabalho que foi parar no espaço que hoje considera seu lar. Em 2006, mudou-se de um pequeno apartamento que havia acabado de quitar para estar mais perto do emprego.
“Eu tinha dinheiro e queria espaço, sol e que minha filha crescesse num local que pudesse aproveitar. Assim que entrei, gostei da cozinha com mesa, que permite circulação, e da possibilidade de ter um quintal. De todas as casas que tive na vida, essa é a minha casa.”
Para Regina, o importante é aproveitar os momentos que a moradia pode oferecer, muito mais do que manter as aparências. “Teve uma vez que a gente estava arrastando os móveis da sala e uma pessoa, carregando o sofá junto comigo, falou: ‘A hora que a dona da casa chegar…’, e eu falei: ‘Eu sou a dona da casa’. Ele perguntou se eu deixava, e eu disse que adorava, porque as pessoas vão embora, mas a alegria da festa fica”, relembra sobre o hábito de promover grandes festanças em casa.
Para entender sua relação com a moradia, basta observar as centenas de plantas e flores que colorem seu jardim: é Regina quem se ocupa de cuidar de cada uma delas. “Uma vez por ano um jardineiro vem para colocar mais terra, mas não gosto que faça nada, porque eu cuido e sei onde está cada uma.”
As orquídeas vêm de vasos que Regina ganha de presente — nenhuma é descartada, estão todas penduradas no jardim. A jabuticabeira, repleta de frutos, chegou logo no início e foi crescendo junto com sua filha, Rafaela: “Eram duas menininhas, tem até retrato delas juntas”.
É na satisfação do cuidado dos detalhes que ela se motiva para executar tantos afazeres em seu refúgio. Regina faz questão de alinhar as taças no armário, ajustar os livros na mesa de centro e, principalmente, planejar melhorias.
Aliás, ela adora uma reforma, principalmente em fases que precisa dar uma chacoalhada na vida. Se tem quem mude o cabelo quando precisa de uma transformação, Regina busca um “quebra-quebra”.
“Não é premeditado, mas acaba acontecendo. É engraçado, foi eu acabar essa reforma atual que as coisas começaram a acontecer… Quem gosta de Feng Shui diz que tem uma energia, que na hora que você mexe, chacoalha tudo! E não tem como não acreditar. Para mim, é muito importante sair do trabalho e ter um lugar gostoso para ir.”
Se por um lado a jornalista adora as aventuras de uma obra, sua relação com a decoração é prática. Garimpos e objetos de desejo não fazem parte da sua rotina, que é muito mais guiada pelas vivências do que pela materialidade.
“Não viajo para comprar nada. Viajo para conhecer, ver pessoas, comer a comida do lugar. Se algo me chama a atenção eu trago, mas não sou dessas que quer ficar abraçada num vaso. Sou muito prática e dou valor ao dinheiro. Sei que têm peças que valem pela história, mas não me sinto imbuída investindo em um vaso que, se cair, vai quebrar. Prefiro investir em coisas mais permanentes, como um papel de parede ou na marcenaria.”
Dos poucos souvenirs que carregou consigo na mala, está uma penca trazida da Bahia, um de seus destinos favoritos. As peças assinadas que a encantam destacam justamente a utilidade unida à estética.
O cabideiro Stand By, peça de Claudia Moreira Salles, é um de seus xodós. Geralmente com uma base em forma de tripé, esse modelo sustenta uma coluna de onde saem braços e ganchos. Outro exemplo, também de design nacional, é a Poltrona Tetê, de Sergio Rodrigues.
A peça foi um dos poucos grandes desejos de design da moradora. “Às vezes, as pessoas associam casa com status. A minha casa é gostosa porque gosto, mas não acho que seja uma casa que a pessoa tenha medo de sentar.”
“Morar sozinha foi uma conquista. Acho muito gostosa a paz de, às vezes, não ouvir nada.”
Regina Volpato, apresentadora
Por interferir e zelar tanto pelas minuciosidades, Regina acaba se enxergando em cada canto dos cômodos. E é quando volta de um dia exaustivo que mais se encanta pelo espaço — especialmente pela sensação de ninguém a esperar, a não ser Ágata.
“Morar sozinha foi uma conquista, é uma alegria. Algumas mulheres sentem aquele vazio quando os filhos saem de casa. Quando minha filha saiu, o quarto dela virou camarim, é uma outra fase da minha vida e com outras necessidades. Tudo foi ressignificado. O quintal era onde ela ficava com as amigas, eu ocupei esse espaço com outra finalidade. Quando chego de viagem, vou ver onde está cada planta. Acho muito gostosa a paz de, às vezes, não ouvir nada.”
Créditos de produção:
Texto Marina Marques
Foto Mayra Azzi
Edição de Arte Catarina Moura
Styling Mariana Gama
Beleza Eri Nascimento
Arranjos Roberto Rabello