Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 3,99

Casa de vidro de Lina Bo Bardi

Neste ensaio do fotógrafo Christian Cravo, revela-se a morada de Lina Bo e Pietro Maria Bardi, em São Paulo. Nossa homenagem ao centenário da arquiteta italiana, que fez do Brasil sua pátria.

Por Texto Regina Galvão | Fotos Cristian Cravo
26 set 2014, 19h21 • Atualizado em 26 Maio 2022, 09h29
04-casa-de-vidro-de-lina-bo-bardi
Lina, que não teve filhos, amava gatos. Chegou a criar 30 deles no terreno da casa no Morumbi, de 7 mil m², além de três cachorros e um papagaio, batizado Tabaréu, nome dado ao caipira na Bahia.  (/)
Continua após publicidade
  • Na casa de Lina Bo (1914-1992) e do marchand Pietro Maria Bardi (1900-1999), a lareira se mantinha acesa o ano inteiro, não importava se era inverno ou verão. “Fogo é lar”, dizia ela aos amigos. Primeiro projeto construído da arquiteta, a residência modernista despontou, em 1951, numa das mais altas colinas do Morumbi, bairro da Zona Sul paulistana. Voltada para o sudoeste, resguardando-se do sol intenso e privilegiando a vista, a estrutura horizontal de concreto, apoiada sobre delgados pilotis, despertava a curiosidade da sociedade da época e, logo, tornou-se ponto de encontro da vanguarda. O lugar acolhia visitas ilustres, como Pierre Verger, Alexander Calder, Giò Ponti, Oscar Niemeyer, Darcy Ribeiro, Glauber Rocha e Caetano Veloso. “Lina recebia com frequência para almoços e jantares. Preparava a mesa com capricho e orientava a cozinheira a servir comida brasileira”, recorda-se Anna Carboncini, assistente de Pietro no Museu de Arte de São Paulo, o Masp, outro projeto da arquiteta, do qual ele foi fundador e diretor por quase cinco décadas. No amplo estar envidraçado, integrado à sala de jantar e à biblioteca, pilhas de livros conviviam com obras de arte, peças seculares – trazidas na mudança da Itália, em 1946 – e a mobília criada para o imóvel. “Lina não gostava de sofás – achava-os desconfortáveis. Por isso, só projetou poltronas e cadeiras, e também luminárias, mesas, camas e até maçanetas”, conta o arquiteto Marcelo Ferraz, seu colaborador de 1987 a 1992, ano em que ela morreu. Pietro faleceu em 1999. Apesar da ausência dos donos, a casa continua viva, transformada no Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. Quem o visita percebe a amorosa atmosfera perpetuada pelos dois em detalhes: na coleção de arte popular cuidadosamente disposta nas prateleiras de um armário; na prancheta desenhada para o marido, que gostava de trabalhar no quarto; na dedicatória do livro que ele escreveu, em 1953, sobre Lasar Segall. “Cara Lina, (…) este é para lembrar os nossos dez anos, os únicos para mim.” Além do rico acervo, a Casa de Vidro conserva o jardim de espécies brasileiras tal qual Lina o planejou. É num canto resguardado dele que permanecem, lado a lado, as cinzas do casal.

    Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), a Casa de Vidro é a sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, fundado pelo casal em 1990. “A intenção deles era criar um lugar que servisse de centro de pesquisa e debate sobre arquitetura, arte e design brasileiros, e não só um espaço para homenagear a memória dos dois”, afirma a museóloga Sonia Guarita Amaral, presidente do instituto. Apesar de bem-conservada e com 5 mil itens catalogados, a morada dos Bardi sofre com a falta de recursos e não está aberta ao público. Para visitá-la, é preciso agendar horário em dois dias da semana. “Vendemos peças do acervo para pagar a herança requerida pelas duas filhas do primeiro casamento de Pietro”, conta Sonia. À espera de recursos federais e com a recente criação de uma sociedade de amigos, a presidente acredita que, em pouco tempo, consiga fomentar a atuação da instituição. “Neste ano, do centenário da arquiteta, há várias exposições programadas, aqui e fora do país. Isso evidenciará a importância de preservar este lugar.” Em São Paulo, acontecem três mostras: Maneiras de Expor: Arquitetura Expositiva de Lina Bo Bardi, em cartaz no Museu da Casa Brasileira (MCB); A Arquitetura Política de Lina Bo Bardi, que estreia 7 de outubro no Sesc Pompeia, célebre projeto da arquiteta; e O Mobiliário de Lina Bo Bardi – Tempos Pioneiros, com inauguração prevista para 19 de outubro na Casa de Vidro.

    Publicidade
    Siga
    TAGS:

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    SUPER BLACK FRIDAY

    Digital Completo

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
    SUPER BLACK FRIDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.