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Casa da estilista Helô Rocha é repleta de obras assinadas e religiosidade

Repleta de objetos divertidos e pensada para ser um espaço para receber os amigos, a residência é uma ótima expressão de personalidade

Por Patricia Moterani
Atualizado em 30 out 2023, 10h33 - Publicado em 8 out 2016, 11h00
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  • A decoração de uma casa sempre ganha um quê especial quando deixa a história e o jeito de ser de quem vive nela à mostra – e é exatamente isso o que acontece no apartamento da estilista gaúcha Helô Rocha, 35 anos, que vive em um espaço de 140 m2 no Jardim Paulista, Zona Oeste de São Paulo, há quase 13 anos.

    O imóvel foi sua primeira morada assim que chegou à cidade para cursar a faculdade de moda e nele permanece desde então, o que quer dizer que ele acompanhou importantes momentos de sua vida e foi mudando com ela.

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    Ao todo, Helô já encarou três reformas. A mais significativa mexeu com a estrutura e aconteceu quando decidiu comprar a unidade em frente e, assim, ampliá-lo – recurso que adotou para evitar a troca de endereço. “Vim para São Paulo muito nova, aos 23 anos, e naquela época insisti que iria morar em um prédio recém-saído da planta, ainda que a metragem não fosse ampla.

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    Mas, com o tempo, fui querendo ambientes maiores e, como já estava adaptada ao bairro, comprar o apartamento da vizinha me pareceu uma boa ideia”, diz.

    Com a união das paredes, ela ganhou mais uma sala, mais um quarto e mais um banheiro. No quebra-quebra, capitaneado por sua mãe, a arquiteta Aldanisa Sá, manteve as suítes em seus lugares originais (uma em cada extremidade; uma para ela e outra para hóspedes), criou um lavabo, escondeu a lavanderia com portas espelhadas – em mais uma ideia com o objetivo de amplitude – e integrou a cozinha com a sala de estar.

    “Juntar os dois ambientes era algo essencial e a primeira coisa que quis fazer. Sou festeira e gosto muito de receber meus amigos e cozinhar para eles”, conta a estilista. “A cozinha aberta me permite interagir com os convidados.”

    Nesses encontros, marcados pelo menos uma vez por semana, ela costuma preparar massas e frutos do mar. Também por causa dos amigos, decidiu aplicar tinta lousa na porta de entrada, no lado interno, para guardar nela os recados de quem a visita. Com a planta modificada, Helô passou a se ocupar da decoração e para isso contou com a ajuda do arquiteto Rodrigo Cunha.

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    O décor divertido é composto basicamente de um mix de tudo aquilo que faz parte de sua identidade. Louca pelo Mickey, ela coleciona bichos de pelúcia e outros itens com o desenho do personagem: panelas, aventais de cozinha, chaleiras…

    “Adoro a Disney, suas montanhas-russas e a ideia de que aquilo é um mundo perfeito. É um dos meus destinos prediletos e tento ir para lá pelo menos uma vez a cada dois anos”, afirma.

    Dona de um passaporte repleto de carimbos, os móveis e objetos resultam de garimpos em cidades como Nova York e Londres, de onde sempre volta pagando excesso de bagagem.

    “Mas com o conforto da certeza de ter feito boas compras”, garante. Espiritualizada, do tipo que se interessa pelas mais variadas religiões, espalhou por cantos e paredes amostras de tudo o que toca sua fé: há deuses hindus, balangandãs, japamalas, terços, orixás e livros relacionados.

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    Não tenho uma crença definida, embora seja muito ligada ao candomblé e esteja atualmente lendo bastante sobre cabala. Acredito em energia e em uma coisa maior e sempre procuro saber mais. Acho que é um movimento que faz parte da busca que todos nós temos por certas respostas da vida. Em viagens, faço questão de visitar igrejas e templos, especialmente em países orientais, e nessas idas encontro esses símbolos. Gosto de tê-los por perto porque só trazem coisas boas. Também uso a religião como inspiração para o trabalho. Já desenhei coleções que tiveram como tema o candomblé e o misticismo de Alto Paraíso de Goiás.” 

    A admiração de Helô por design é mais um fator que entra em sua alquimia para deixar a casa com a sua cara e aparece
    refletida na escolha de algumas peças icônicas e assinadas, a exemplo da poltrona Mole, do designer carioca Sergio
    Rodrigues, adquirida um pouco antes de ele morrer, em 2014, e do lustre de metal Puzzle Chandelier, concebido pelo designer norte-americano Jonathan Adler com base na imagem de um castelo de cartas e comprado durante uma de suas estadias em Nova York. As cartas de baralho, aliás, são vistas ainda de maneira literal em um dos objetos que melhor definem o espírito lúdico do local: uma mesa lateral garimpada na capital inglesa e que fica ao lado do sofá.

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    “Acho que quem entra aqui logo percebe que esse é um espaço vivo e com ares de pop art. Gosto da mistura de cores, de estampas, de estilos”, resume a estilista.

    “Já tive uma fase parecida com isso na moda. Quando ainda tocava a Têca por Helô Rocha, que encerrei em 2015, criava roupas supercoloridas e com muitos desenhos. Hoje, minha marca leva apenas o meu nome, estou mais minimalista e esse meu lado extravagante tem ficado só dentro de casa mesmo”, relata.

    A parede da sala de jantar é um bom exemplo dessa singularidade, pois concentra aquisições bem diferentes entre si. Nela, estão serigrafias (uma é assinada pelo também estilista Marcelo Sommer, amigo de Helô), ilustrações, pôsteres, uma luminária que tem como forma a cabeça de um animal, feita por uma artista que vive em Alto Paraíso, em Goiás, sapatos orientais, alguns artigos religiosos e até uma raquete de tênis.

    O curioso é que, apesar desse tanto de informação, a estilista não faz a linha acumuladora. “Não tenho problemas com o desapego. Claro que mantenho por perto tudo aquilo de que gosto e o que tem valor emocional. Mas, se for preciso me desfazer de algo, não sofro”, diz. Tanto é assim que o endereço não conta com uma profusão de estantes, baús ou outras criações pensadas para o armazenamento.

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    Em breve, Helô deve encarar uma nova grande reforma, já que está com vontade de trocar o piso do apartamento inteiro, algo que vai demandar acertos de logística.

    “Vou precisar passar um tempo fora e também retirar os móveis daqui. Isso vai me dar um pouco de trabalho e talvez por essa razão eu esteja adiando o momento. Mas estou com isso em mente há meses”, fala.

    “Gosto de mexer na casa. Estou sempre pensando no que posso fazer, seja grande ou não. Além do piso, tenho procurado por um novo aparador para o meu quarto.”

    Mudar de endereço, portanto, não está nos planos próximos. “Curto muito aqui e só vou sair quando tiver filhos porque, embora grande, a casa não tem estrutura para isso. Mas, até lá, seguirei feliz como estou”, afirma.

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