Sim, é possível reformular a casa minimizando o nervosismo e as frustrações. O segredo está no planejamento. As chances de surgirem percalços pelo caminho diminuem bastante quando projeto, custos e prazos estão bem definidos antes de iniciar a empreitada – contar com mão de obra qualificada, claro, é outro pré-requisito básico.
1. Não comece nada sem um bom projeto
Nada atrasa e encarece mais uma reforma do que mudar de ideia com a obra em andamento. Portanto, coloque no papel o que você deseja trocar e refazer, procure um arquiteto ou designer de interiores e defina com ele o projeto, incluindo a especificação dos novos acabamentos. Por exemplo, substituir o carpete por piso de madeira, revestir de mármore uma parede da sala ou instalar uma porta social imponente, entre outras coisas. A participação do profissional é essencial não só para criar um projeto mais integrado e harmonioso, como também para checar a viabilidade das mudanças desejadas após a análise do local e das plantas do imóvel. “Muitas vezes, a instalação de uma hidromassagem exige um redimensionamento na parte elétrica. Sem a ajuda de um profissional experiente, corre-se o risco de instalar a peça e comprometer a energia da casa inteira”, fala o mestre de obras Luciano Dalarme, que só trabalha sob a orientação de um arquiteto ou designer de interiores. Um projeto de reforma costuma demorar de 30 a 45 dias para ser concluído e deve incluir planta de demolição e construção de paredes, distribuição de móveis, forro de gesso, elétrica, hidráulica, detalhamento da marcenaria e especificação dos materiais.
2. Orçamentos e contrato
Depois de aprovado o projeto, o profissional – arquiteto, engenheiro ou designer de interiores – deve orçar os itens, incluindo material e mão de obra. Uma planilha é montada determinando as etapas da reforma de acordo com o tipo de serviço e os prazos de entrega. “Assim, o profissional tem condições de fornecer ao proprietário um contrato, em que consta a data de término do trabalho”, explica o engenheiro Gley Radelsberger Lima. É nessa altura ainda que a marcenaria (incluindo portas e janelas) e os demais materiais devem ser encomendados, pois a confecção das peças e a entrega de alguns produtos podem passar de 60 dias.
3. É hora de colocar mãos à obra
Com o custo e o prazo acertados, os pedreiros entram em ação. A primeira providência é proteger as áreas onde não haverá obra, como pisos, portas etc. Em seguida, vem a desmontagem do que será novamente usado (vasos sanitários, por exemplo), a retirada dos revestimentos e as demolições. O passo seguinte é a remoção do entulho, deixando o espaço livre para os profissionais trabalharem. Erguem-se, então, as eventuais alvenarias e têm início as instalações elétrica e hidráulica. “Essa é uma das etapas mais demoradas, mas não se deve apressá-la. Instalações malfeitas trarão resultados desastrosos no futuro”, alerta a designer de interiores Carla Yasuda. O arquiteto Ricardo Pontes lembra a questão da pressão da água. “Apartamentos não costumam dar problema, já casas, por causa da pouca altura da caixa-d’água, geralmente sofrem com a baixa pressão em torneiras e chuveiros. Pressurizadores instalados na saída de água garantem um fluxo mais eficiente.”
4. A base para um bom acabamento
Enquanto hidráulica e elétrica estão sendo concluídas, o gesseiro pode instalar os forros e, se for o caso, paredes e painéis de drywall. O serviço é rápido, sendo seguido pela impermeabilização das áreas molhadas e pelo nivelamento de pisos e paredes que ganharão novos revestimentos. Alvenarias que serão pintadas ganham a primeira demão de tinta e o forro de gesso é masseado. Nas áreas que receberão revestimento cerâmico, o profissional começa pela instalação do piso, depois das paredes e deixa por último o acabamento do forro. Atenção: ambientes onde o chão levará madeira precisam de um contrapiso cimentado e bem nivelado, cuja secagem demora cerca de 30 dias. “Essa espera deve ser respeitada, senão a umidade danificará o revestimento”, explica a arquiteta Carla Pontes. Para reduzir esse prazo, pode-se aplicar um impermeabilizante no contrapiso 15 dias após sua instalação. “Mesmo assim, é fundamental que o instalador faça um teste para verificar a umidade do contrapiso”, fala Ricardo Pontes. Para evitar o prejuízo, o arquiteto sempre recomenda em casas térreas a execução de uma laje impermeabilizada sob o contrapiso. “Isso garante que a umidade do solo não chegue até a madeira.” Em regiões úmidas, ele aconselha usar argamassa impermeabilizada nas paredes até a altura de 50 cm.
5. Respeito à madeira
A essa altura, a reforma já está praticamente na metade, tempo de entrar com o piso das salas e dos quartos. Se sua opção for tacos ou assoalho de tábua corrida, é fundamental contratar empresas com boas referências. “A madeira de má qualidade certamente trará problemas. Por exemplo, se ela estiver úmida, o piso sofrerá deformação depois de colocado. Outro risco é adquirir peças que não passaram por tratamento anticupim. Essa praga chega a ficar encubada por até um ano na madeira. O ideal é adquirir o produto com uma garantia acima desse prazo”, alerta Ricardo Pontes. Saiba, porém, que revestimentos de madeira levam de 15 a 20 dias para se acomodarem no contrapiso, antes de poderem ser lixados e envernizados. Para não atrasar o andamento da obra, o correto é proteger o chão e partir para o acabamento dos forros de gesso e das paredes. Como a massa de rejunte e a cola sofrem evaporação, cubra o piso somente dois dias após a instalação. Tal proteção pode ser feita com papelão ou plástico bolha, sempre com a parte lisa voltada para a madeira.
6. Antes da pintura
Pedras, cimento queimado, placas cimentícias e pastilhas causam muita sujeira no local, por isso não devem ser assentados no piso depois do acabamento das paredes. Faça o mesmo com a marcenaria fixa: “Peça ao montador para instalar os pontos de apoio dos móveis antes de a parede ser pintada. Depois, fica mais fácil encaixar as peças na alvenaria sem danificar a tinta”, fala o arquiteto Ricardo Miura. Portas e janelas também devem ser colocadas nessa fase. Pisos que chegam prontos, como carpetes, laminados e vinílicos, podem ser colocados pós-pintura. Se a escolha for papel ou tecido na parede, programe a instalação para a última etapa da reforma.
7. Na reta final
Agora falta pouco. Depois do acabamento das paredes e dos pisos, já é possível instalar os espelhos de luz, as tomadas, as luminárias e os rodapés. A marcenaria e as cortinas também já podem entrar. Paralelamente, as louças sanitárias, as bancadas e os metais são instalados em banheiros e cozinhas. “Mais uma vez, contar com mão de obra competente é fundamental para não estragar o que já foi feito. Mesmo assim, é bom deixar o pintor de prontidão para os retoques”, diz Carla Yassuda.
8. Vilões do atraso
Além de mudanças no projeto, outros fatores também alongam o calendário da obra. Trabalhar com produtos importados é sempre um risco. Não raro, esses artigos têm problema na alfândega e aí não há nada a ser feito senão esperar a liberação. Evite dar início à empreitada sem se certificar das normas do condomínio em relação a barulho, retirada e chegada de material. Muitas vezes, o tempo permitido não coincide com a planilha do arquiteto, o que significa refazer toda a programação. “Já vi muita obra estacionar por causa do vizinho do apartamento de baixo. Se for mudar de lugar os pontos hidráulicos, veja se ele concorda em quebrar seu forro. Caso contrário, desista”, aconselha o mestre de obras Luciano. Ele alerta também para a verificação do resultado final.”Não dispense o profissional antes de conferir e testar o trabalho de cada um. Ao lado do eletricista, por exemplo, cheque se os pontos de luz estão funcionando e, juntamente com o instalador dos metais, abra todas as torneiras e veja se tudo confere”, complementa.
Receba por e-mail dicas grátis imperdíveis para encarar sua obra numa boa, registre-se aqui.