Uma resolveu deixar o alto cargo na empresa para ficar mais próxima da família e tentar engravidar do segundo filho. A outra se afastou do consolidado negócio que fundou para viajar e estudar. Uma terceira decidiu voltar ao mercado de trabalho, mas dessa vez na área que sempre sonhou. São muitas as histórias de transgressão e atrevimento na vida das mulheres. Basta conversar com as que te cercam – os exemplos estão em toda parte.
Mas gostaria que você focasse nas duas expressões que acabei de citar: “transgressão” e “atrevimento”. Muitas vezes, elas são usadas com conotação negativa, para desencorajar mulheres que desafiam normas ou se comportam de maneira não convencional. É importante identificar os estereótipos que repetem que uma mulher que desafia as expectativas sociais está agindo de forma inapropriada e contrariando as necessidades da família, dos amigos, da sociedade. Eis aí uma ideia obsoleta!
Um pouco de ousadia
Para mim, ser transgressora ou atrevida soa como um elogio, são qualidades associadas a independência, coragem, ousadia e autenticidade. Envolve quebrar padrões estabelecidos. São características de mulheres que sabem o que querem e constroem para si uma vida que, lá na frente, não será corroída por frustrações.
Não estou aqui pintando a tela de uma revolucionária obstinada ou uma artista sem amarras. Estou falando de mulheres comuns, como eu e você, trabalhadoras e merecedoras de uma taça de vinho ao fim do dia em sua própria companhia.
O que acontece se, no meio do caminho, uma mulher resolve dizer um “não” para o chefe? Pedir um aumento ou equidade salarial? Negociar um sabático remunerado, reduzir as horas de trabalho, apostar em um projeto pessoal, abandonar a rotina? Uma pequena revolução, posso garantir.
“O ano novo convida para uma revolução econômica pessoal que permita um dia a dia mais coerente com nossos valores e desejos”
Paola Carvalho
Já carregamos na bolsa o título de eleitor, a carteira de motorista, o passaporte, o cartão bancário e muitos outros direitos que nos foram negados até poucas décadas atrás. Também levamos a tiracolo a pílula, a certidão de divórcio averbada (ou a certidão de casamento amarelada, se preferir), o currículo lattes, a própria carteira de investimentos.
Tão importante quanto isso é poder planejar os próximos passos da vida – seja ela pessoal ou profissional –da forma como queremos, ainda que haja condicionantes e limitações. Independência financeira é fundamental para a autonomia pessoal, é claro. Mas precisamos incluir no planejamento financeiro viagens, cursos, filhos, atividades esportivas, pequenos mimos ou grandes bens. Isso também é liberdade – que resulta em prazer e poder.
Cultura do consumo
Em vez de simplesmente seguir a toada das normas sociais, conselhos convencionais sobre dinheiro e até mesmo nossos hábitos, podemos questionar a cultura do consumismo, os padrões do grupo social no qual estamos inseridas, a exploração do tempo, o trabalho não remunerado de cuidado, o aumento da carga mental – uma lista que não morre aqui.
Para isso, é essencial descobrir o que cada uma de nós valoriza, e vasculhar o sentido dentro de si. O ano novo nos chama para uma revolução econômica pessoal que permita um dia a dia mais coerente com nossos valores e desejos.
É um convite para questionar, aprender, investir no autoconhecimento financeiro, acompanhar o orçamento, priorizar a si mesma e planejar mudanças. Transgressora e atrevida, sim! Esta pode ser você neste 2024.