Na sua área de trabalho, quantas mulheres ocupam posições de liderança? Com 30 anos de carreira executiva, Claudia Colaferro chegou a altos cargos de diretoria, CEO, presidência… Mas olhou ao redor e encontrou poucas mulheres exercendo essas funções. “Nas agências, via muitas no atendimento ao cliente que nem tinham na cabeça a possibilidade de crescer e ambicionar cargos que estavam à altura da competência delas”, conta. Todos os desafios e preconceitos etários e de gênero estavam presentes, claro, mas ela enxergou uma possibilidade de usar ferramentas de planejamento e networking para mudar essa situação e ajudar mais mulheres a traçar e alcançar grandes objetivos profissionais. Foi quando nasceu a plataforma AngelUs (angelus.network), voltada exclusivamente para o público feminino.
O projeto, aberto para o mercado no Dia da Mulher do ano passado, foi batizado em homenagem a um santuário de árvores angelins gigantes com mais de 500 anos na Amazônia. Podem entrar no programa iniciantes no mercado de trabalho, quem busca pivotar sua atuação ou empreender. Depois da inscrição, todas passam por um teste de personalidade, para ajudar no mapeamento dos pontos fortes, e recebem feedbacks de cinco colegas com quem tiveram proximidade. A fase inicial, o sprout, consiste em exercícios de autoconhecimento para romper a casca dessa profissional e fazer brotar novas oportunidades. “Na primeira entrevista, muitas choram, não se enxergam tão potentes quanto os outros as vêem. Essas coisas não mudam em uma hora de mentoria, por isso a necessidade de um processo contínuo”, explica Claudia.
O segundo passo, o seedling, traça um plano de crescimento com ações para realização em um ano. Todo o processo é acompanhado por guardians, mulheres de todas as idades que são referência em suas especialidades – hoje, 130 já oferecem sessões de treinamento. Na etapa final, a mature, quem recebeu orientação pode retribuir e tornar-se uma guardian também.
A cada dez novas inscritas, a AngelUs oferece uma bolsa integral para uma mulher que pode fazer a diferença em sua comunidade. “Não estou preocupada com meu umbigo, quero realmente nutrir o conceito de impacto social e ver as mulheres na liderança”, diz a fundadora. Em busca de coerência, ela contrata apenas mulheres para todas as atividades, do desenvolvimento da plataforma à contabilidade, passando pela segurança dos eventos presenciais. O próximo passo da marca é firmar parcerias com investidoras que estejam dispostas a globalizar a iniciativa. No lugar da solidão, que Claudia muitas vezes sentiu nos momentos de decisão como empreendedora, ela espera que o ecossistema formado por todas as colaboradoras seja uma rede de apoio e estímulo para o crescimento. “É o coletivo que nutre e faz com que todas fiquem gigantes.”