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Lucia Bittar: a força por trás da liderança feminina da Samsung

É da superação do etarismo e das barreiras de gênero na tecnologia que a diretora de marketing da área de mobile experience tira inspiração para inovar

Por Helena Galante
Atualizado em 7 dez 2023, 18h39 - Publicado em 7 dez 2023, 18h01
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  • Quantas pessoas com mais de 50 anos trabalham na sua área de atuação? Se a sua resposta for “poucas” ou, pior, “nenhuma”, você está diante de uma indústria etarista.  O preconceito baseado na idade está em todos os lugares: do etarismo nos cabelos às imposições de que viver tem idade certa, incluindo também o mercado de trabalho, claro. Mas no que depender de Lucia Bittar, o mercado da tecnologia há de ser um exemplo diferente a ser seguido nesse e em muitos outros quesitos.

    Diretora de marketing da área de mobile experience da Samsung Brasil, Lucia Bittar formou-se bacharel em administração pela FGV e fez MBA na
    FEA, USP. Em quase 30 anos de carreira, acompanhou o amadurecimento do setor: “Sou marqueteira velha, de bastante anos de estrada. O marketing sempre teve uma presença mais forte de mulheres, mas acho que faz diferença sim, ser mulher. Tanto para lados positivos quanto para lados desafiadores”, conta ela.  “Hoje vejo mulheres com mais força, que posicionam e se fazem ouvir”, comemora.

    Lucia Bittar Samsung
    Lucia Bittar: “Vejo mulheres com mais força que se posicionam e se fazem ouvir” (Samsung/Divulgação)

    DIVERSIDADE NA TECNOLOGIA

    Há mais de 2 anos na coreana Samsung, Lucia recebeu tempos atrás a tarefa de monitorar em parceiros e agências todas as questões de diversidade. “Eu, como cinquentona, percebi que a maior minoria era a minha: de maiores de 50 anos”, lembra. “Isso está associado ao pressuposto de inovação e novidade das empresas, começam associações de que você vai ter menos energia ou vai estar menos aberto.”

    Na contramão do etarismo, a diretora enxerga justamente na junção de perfis diversos o maior potencial para a inovação. “Tenho uma preocupação de me manter atualizada, claro. E também aprendo muito com os mais jovens. Ao mesmo tempo, um funcionário que não é tão jovem tem maior resistência à pressão, consegue lidar melhor com algumas situações. É uma mão de obra necessária. Há algum tempo, ter 50 anos significava que estava quase na hora de ir para casa. Hoje, já não sinto isso”, diz Lucia.

    MATERNIDADE E MERCADO DE TRABALHO

    Mãe de filhos adolescentes, Lucia confia na sabedoria que surge da troca: “As gerações precisam uma tirar o melhor da outra.” Nos aprendizados de assumir diversos papeis e lidar com as exigências do mercado de trabalho, não nega o peso do trabalho invisível das mulheres: “Fui bem sucedida em equacionar maternidade e trabalho, mas não foi tranquilo.”

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    Nem sempre as suas autocobranças em relação ao papel de mãe correspondem ao que a filha, por exemplo, pensa dela: “Minha filha de 18 começou a fazer terapia, estava discutindo as suas questões. E eu falei: ‘Talvez eu não tenha sido uma mãe tão presente’. E ela me olhou com uma cara de o que é que você está falando”, lembra, rindo. “Aquela crise era puramente minha, para ela, isso não tinha nada a ver.” 

    Lucia Bittar Samsung
    Lucia Bittar: “As gerações novas estão nos ensinando sobre o cuidado com a saúde” (Samsung/Divulgação)

    COMO LIDAR COM A QUESTÃO GERACIONAL

    Ao longo da sua experiência de construção, posicionamento e relançamento de marcas, além de gestão de campanha e desenvolvimento de planos
    estratégicos, Lucia Bittar foi descobrindo formas de lidar com a questão geracional: “É um tema dentro de todas as empresas. Uma geração que coloca o trabalho em primeiro plano, e outras que o colocam em outros lugares”. Como representante da geração que aprendeu a colocar o trabalho no centro da vida, não nega a existência de embates – mas os enxerga positivamente. “Tem uma fricção, é inegável. Mas os movimentos são pendulares, vão muito para um lado para depois voltar para o centro.”

    No caminho do equilíbrio que vislumbra para o futuro, ela não deixa de valorizar a dedicação dos profissionais, independentemente da idade. “Acredito que as carreiras dependem de transpiração. Quando você olha para as pessoas bem sucedidas, raras são as que tiveram sucesso sem comprometimento e resiliência. “ 

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    “Acredito no poder do esforço, da transpiração, mas tem que ter flexibilização”

    Lucia Bittar

    COMO MUDAR DE ÁREA NO TRABALHO?

    No seu caso, o esforço esteve ligado também à adaptação a uma nova área de atuação, a tecnologia. “Havia trabalhado em categorias como beleza e alimentação, produtos que tinham a ver comigo. Nunca fui super tecnológica, no início senti um gap de entendimento nas reuniões. Mas para o consumidor médio, o que era falado não era óbvio, assim como não era óbvio para mim. Até que chegou um momento que entendi que meu cargo precisava de alguém que entendesse de consumidor. O centro é o consumidor, esse é meu grande papel: ser a voz do consumidor.”

    Os desafios atuais, além da velocidade de mudanças e lançamentos, incluem acompanhar a transformação do comportamento do consumidor em relação aos smartphones, relógios e outros dispositivos: “Hoje, eles são acessórios de moda, de saúde, de status. Fazer ligação é o menor dos problemas, o celular é uma ferramenta de geração de conteúdo. A gente começou a entender que precisa estar mais perto do lifestyle, em função da razão de compra desse produto”. Na categoria dos smartwatches, a ligação com a saúde é o mais importante: “Ele é uma ferramenta de bem-estar, de saúde mental, de equilíbrio”.

    PRIORIDADE EM TODAS AS IDADES: BEM-ESTAR

    Para dar conta dos desafios profissionais e pessoais, é justamente o foco na saúde que está no centro das escolhas de Lucia hoje em dia: “Aceito o envelhecimento, mas por outro lado a gente quer retardá-lo. Tenho cuidado muito do sono, do horário de sair do trabalho para dormir 8 horas por noite, pelo menos. Também coloquei na minha rotina o exercício físico, minha relação com ele é de ferramenta de alívio de estresse. Comer bem, fazer exercício, ter tempo de lazer, é o básico que as gerações novas priorizam na saúde mental, e também é o que mais quero: me sentir bem”.

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