Para diretora do Google Fotos, diversidade é a chave do sucesso
Brasileira de família indiana, Manjari Bhatia aposta em equipes heterogêneas
Circula pelos corredores da sede do Google, em São Francisco (EUA), a história de um diretor que teria encerrado uma reunião falando: “Da próxima vez, quero ver mais diversidade nesta mesa. Estamos construindo um produto para o mundo, e não para um bando de homens”. Não se sabe ao certo se a história é verídica, mas fascina funcionários e transformou-se em norte da política dos gestores ao montar suas equipes.
A brasileira Manjari Bhatia, 41 anos, diretora do Google Fotos, é uma de suas seguidoras. Em especial porque diversidade é um tema sensível para ela: apesar da certidão de nascimento carioca, Bhatia, filha de indianos, vive desde a infância nos Estados Unidos. Formada em engenharia no renomado MIT (o Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ela aprendeu cedo que a habilidade em conversar com pessoas diversas sem julgá-las é uma grande vantagem. E que uma missão tem mais chances de êxito quanto mais gente e ideias diferentes envolver.
Em recente passagem por São Paulo, a executiva até arriscou algumas palavras em português para defender a diversidade como ferramenta essencial ao sucesso das equipes de hoje.
Como estrangeira e mulher, você sofreu algum tipo de preconceito?
Na escola, colegas faziam comentários sobre minha origem e me chamavam de nerd, mas eu não me importava. Sofri mesmo com uma vizinha que tive logo que cheguei aos Estados Unidos, aos 10 anos. Ela era popular no colégio e falava coisas cruéis a meu respeito. Mas tudo mudou quando encontrei minha turma, que curtia ciências e mecânica, como eu.
Nem todos respeitam a diversidade. É possível mudar isso?
Sim, só que não é rápido. Mesmo sem perceber, as pessoas frequentemente absorvem preconceitos em casa e acabam agindo pautadas por eles. Como não é algo violento, é mais fácil mudar – para isso, é preciso exercitar o cérebro para colocar-se no lugar do outro. No Google, nossa estratégia para ampliar a diversidade do time é fazer a análise inicial de currículos sem saber informações pessoais dos candidatos, como gênero, idade ou nome, avaliando somente suas habilidades.
Como a diversidade (ou a falta dela) impacta o resultado da empresa?
Times homogêneos, em geral formados por líderes sem confiança, que não querem ser questionados, são disfuncionais. Uma equipe que apresenta opiniões diferentes debate mais e chega a um produto final melhor.
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