As lições de Patrícia Poeta para conciliar família e trabalho
Casada há 12 anos e mãe de um menino de 10, Patrícia Poeta se desdobra para desempenhar os seus vários papéis. E divide com a gente a sua receita para dar conta de tudo, com muita alegria
Patrícia Poeta, apresentadora do Jornal Nacional e mãe de Felipe, de 10 anos
Foto: Nana Moraes
Quem acha que o trabalho da jornalista Patrícia Poeta, 36 anos, se resume a vestir uma roupa bonita, ajeitar o cabelo e apresentar o Jornal Nacional, está enganada. Além de comunicar as principais notícias de segunda a sexta ao lado de William Bonner, ela também é editora-executiva do JN e editora-chefe do Globo Notícias, que vai ao ar à tarde. A rotina na redação começa às 14h30 e termina às 22 horas, bem depois do famoso “boa-noite”. Mesmo chegando em casa tarde, Patrícia comemora o fato de ter o fim de semana livre para a família. Quando estava à frente do Fantástico (de 2008 a 2011), ela fazia malabarismos para dar atenção ao marido, Amauri Soares, diretor de programação da TV Globo, e ao filho, Felipe, de 10 anos. Hoje, toma café da manhã às 6h30 com Pipo (apelido do pequeno) e o leva para a escola. Depois, faz ginástica no transport, vê as notícias, almoça e às 13h30 corre para a Globo. Já nos fins de semana a rotina é tranquila. Os três jogam vôlei, jantam fora e fazem churrasco, seguindo as tradições gaúchas – afinal, Patrícia nasceu em São Jerônimo (RS). “Durante a semana me controlo na comida, mas até como um docinho. Já no fim de semana rola churrasco e sobremesa”, confessa. Nesta entrevista, ela conta como administra o tempo e dá dicas úteis para todas nós.
Trabalho a mil
Patrícia sempre quis contar histórias na TV. Em 15 anos de carreira, já foi repórter, moça do tempo, correspondente internacional, âncora e, agora, também editora. “A parte de apresentar é a mais tranquila. Quando comecei a fazer o JN, sentava na bancada e pensava: Pronto! Agora só falta apresentar. Durante o dia não paro um segundo… Ajudo a fechar as matérias e sou responsável pelo Globo Notícias, aquele jornal que passa à tarde. Mesmo no camarim estou trabalhando. Pedi para fazer o make antes do cabelo, assim dou tempo para a equipe finalizar o material. Enquanto estou maquiando, não consigo me mexer, mas com o bob na cabeça, confiro as reportagens para ver se tem algum erro, alguma informação que o telespectador possa não entender… Aliás, esse é o meu trabalho mais novo: além de cuidar das minhas matérias, fecho as dos meus colegas.”
Balanço geral
O ano e meio que se passou desde a estreia no JN, em dezembro de 2011, é definido por Patrícia como um período de amadurecimento do seu trabalho. “Tudo aconteceu tão rápido! Nunca tinha apresentado o JN. Só no dia da minha transição com a Fátima Bernardes é que sentei naquela cadeira. Daí, a ficha caiu. Pensei: Bom, então vamos fazer da melhor forma possível. Acho que esse primeiro ano foi de adaptação, de aprender coisas, entender melhor o jornal, ver como eu podia colaborar… Agora é hora de consolidar esse trabalho, o que de certa forma me dá mais segurança, me deixa mais à vontade para fazer o jornal também.”
A “nova” Patrícia
O cabelo encurtou, o sorriso diminuiu e até a roupa está mais séria. “Realmente, algumas coisas mudaram, pois o formato do JN é diferente daquele do Fantástico, que mistura jornalismo e entretenimento, duas coisas que adoro. No JN a proposta é outra. Temos 30 minutos para dar todas as notícias. Destas, 95% são sérias. Metade envolve morte, roubo, corrupção, então não tem como sorrir… E como eu adoro sorrir… Se pudesse sorriria o jornal inteiro! Até porque durante o dia eu sou assim, é o meu jeito. No JN, o Neymar fez dois gols? Aí consigo abrir um sorriso! Às vezes dou só no `boa-noite. Mas tem dias que nem isso é possível fazer.” Patrícia cultivava o cabelo comprido desde pequena, porém para apresentar o jornal teve que cortá-lo. Quanto à maquiagem, diz que adora a que usa na tela, mas prefere o make feito pelo amigo e maquiador desta capa, Celso Kamura. “Em Roma, para a cobertura do Papa, tive que me virar.” Ao ouvir isso, Kamura fala: “Podia ter prendido o cabelo, né?”. Patrícia ri: “Pois é, não deu tempo! Acordava cedo para elaborar as matérias e apresentava o jornal à noite, quando lá já era 1 da manhã! No dia do anúncio do novo papa, fiz o make em cinco minutos! Durante o dia me meti no meio da multidão para ficar perto da Basílica e não consegui sair. Para não perder a hora, comecei a formular a matéria na cabeça e, quando voltei, só tive tempo de pegar um casaco no hotel. Depois até pensei que podia ter prendido o cabelo. Mas era tarde…”.
Entrevistas inesquecíveis
Durante a carreira, a jornalista entrevistou atores de Hollywood, como Tom Cruise, e prestou homenagem a grandes personalidades da TV brasileira, como Renato Aragão e Chico Anísio. Mas entrevistas com pessoas em seus momentos difíceis também fazem parte da lista de memoráveis. Uma delas foi a cedida por Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, assassinada em março de 2008 pelo pai e pela madrasta. “A gente foi conversando por telefone antes de a entrevista acontecer, até que ela se sentisse confortável. Quando acabamos de conversar, cheguei em casa e chorei tudo o que não pude chorar na entrevista. Outro encontro marcante foi com o Reynaldo Gianecchini. O jeito como ele lidou com o câncer me emocionou. No fim, a gente fica torcendo pelas pessoas!”
Sonhos em família
Apesar de ser uma profissional dedicada, a jornalista preza a vida familiar. O maior sonho dela é continuar explorando o mundo ao lado do marido e do filho. “Todo ano planejamos juntos para onde queremos ir. Passamos o Natal no Egito, foi a única época que deu para conciliar as férias dos três e as condições climáticas. O legal é que temos muitas histórias para lembrar depois.” Patrícia está casada há 12 anos e acredita que o sucesso do relacionamento se dá por causa dessa união entre os três, que foi reforçada no período vivido em Nova York (EUA), de 2002 a 2007. “Ter morado fora e não poder contar muito com a família e os amigos ajudou: ali, nós três éramos o núcleo familiar. Nessas horas, o casamento vai ou racha. O nosso ficou muito fortalecido!”
Tempo para tudo
O período nos Estados Unidos ensinou Patrícia a exercer os papéis de mãe, esposa, profissional e mulher. “Eu levava o meu filho para a escola, ia ao supermercado, cozinhava, pegava o metrô para trabalhar… Às vezes, pensava que não ia conseguir, mas se todo mundo consegue, por que eu não? Depois, durante o Fantástico, reorganizei a rotina para poder ficar com a minha família, porque também trabalhava aos sábados e domingos. Nessa época, o meu filho tinha 5 anos. Acordava cedo para brincar com ele, levava para a escola e depois buscava, jogávamos tênis juntos e almoçávamos mais cedo. Agora, no JN, não posso mais buscá-lo na escola, mas vou levá-lo. Sabendo organizar o dia, você faz tudo e ainda se realiza. A nossa geração esta aí para mostrar que é possível. Se não rola 100%, faça 90%, sem culpa.”
4 conselhos da Patrícia para você
Organize o dia a dia
No domingo à noite, já penso na programação da semana inteira. Nas outras noites, faço listas para saber o que e como farei no dia seguinte.
Faça uma coisa por vez
É preciso ser multifuncional, mas estar presente em cada coisa que se faz. Se estou numa entrevista, por exemplo, esqueço o celular. Se tentarmos abraçar o mundo, vira stress!
Cuide de si mesma
Pratico musculação duas vezes por semana e exercícios no transport, de três a quatro vezes. Enquanto me exercito, leio o jornal e vejo as notícias na TV. É um momento em que dá para conciliar mais de uma tarefa.
Tenha flexibilidade
Na época do Fantástico, os meus horários eram diferentes dos da minha família. Por causa disso, compensava de outras formas: acordando cedo para curtir os meninos, marcando programas com eles na semana… Às segundas, por exemplo, jogava tênis com o Pipo e, às quartas, íamos ao cinema.