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Amana Garrido, a bióloga que conduz um estudo pioneiro de corais no país

Ela dedica a sua vida como pesquisadora para compreender como os distúrbios ambientais impactam os recifes de corais do litoral sudeste brasileiro

Por Ligea Paixão (colaboradora)
Atualizado em 7 jun 2021, 10h29 - Publicado em 4 jun 2021, 21h07
Amana Garrido
 (Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
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Bacharel em biologia marinha pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amana Guedes Garrido sempre demonstrou fascínio pelo mar e pela vida marinha, o que tornou mais fácil a escolha da área a qual dedica boa parte da sua vida para estudar. Filha de zootecnistas, ela esteve desde pequena envolvida com o mundo da ciência, contato que serviu como combustível para o seu espírito desbravador.

Durante a graduação, ela se interessou pelos corais da região litorânea do Sudeste, laço que estreitou com ingresso no Projeto Coral Vivo, como aluna de iniciação científica. A espécie marinha ainda se tornou seu material de estudo na especialização.

Amana Garrido
(Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

Em seu mestrado em zoologia pelo Museu Nacional, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amana teve a oportunidade de fazer um levantamento da diversidade de zooxantelas (microalgas que vivem dentro dos corais) e como as mesmas respondiam às variações de temperatura dos mares, um problema ambiental que vem se agravando com o avanço dos anos e com o aquecimento global. 

“Eu estava no primeiro ano do meu doutorado, quando a coordenadora de um outro projeto, que eu também fazia parte, o Ecorais, me indicou a bolsa do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO)”, conta a bióloga sobre o apoio que teve para estudar mais a fundo os corais.

Amana Garrido
(Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
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“Em meados de 2018, durante o processo de inscrição para essa bolsa, um alerta mundial para um novo evento de branqueamento estava sendo emitido. Em 2019, quando eu já havia sido contemplada como uma das bolsistas do FUNBIO, a gente teve então esse evento que, pela primeira vez, atingiu aos corais do Brasil em larga escala”, explica a bióloga.

O processo de branqueamento dos corais se dá quando há um aumento considerável da temperatura do mar, fazendo com que as zooxantelas se desprendam dos corais. Com isso, eles perdem a sua coloração e correm sérios riscos de sobrevivência.

A ausência dessas microalgas podem causar a morte dos corais e ainda afetar o ecossistema marinho, visto que peixes e outros animais se alimentam das microalgas. Sem alimentos, esses seres também podem morrer e causar mais desequilíbrio ambiental.

Amana Garrido
(Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
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Durante seis meses, Amana literalmente mergulhou na condução do projeto, que contou com um grupo de pessoas no auxílio de suas pesquisas. “No laboratório de Biodiversidade de Cnidaria no NUPEM da UFRJ, calhou de juntar uma mulherada que me ajuda e me ajudou muito com todo o processo de pesquisa. Foi muito legal”, diz a bióloga.

“Já haviam pesquisas sobre os corais no Brasil, mas não exatamente como eu fiz, a ponto de entender o processo de branqueamento de maneira mais profunda”, diz a doutoranda em biodiversidade e biologia evolutiva sobre o seu pioneirismo.

“A gente sabe como o branqueamento funciona no geral, mas ninguém tinha feito a amostragem tão íntima e tão próxima como eu quis fazer. Minhas perguntas foram: ‘O que acontece durante o processo de branqueamento?’; ‘Como que as zooxantelas colonizam de novo o tecido do coral quando a temperatura volta ao normal?’ Foi a esse passo desconhecido do processo que eu me dediquei”, explica.

Amana Garrido
(Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
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A região dos Lagos em Búzios foi o lugar escolhido para realizar o estudo. A equipe notou um branqueamento severo de mais de 80% das colônias de coral-de-fogo.

“Em compensação, a gente viu uma recuperação muito legal. Apenas 15% delas tiveram uma mortalidade significativa, com mais da metade da colônia morta. Elas se recuperaram em questão de um mês após a anomalia térmica, o que é um resultado esperançoso, que mostra que esses recifes ainda podem ser capazes de se recuperar em algum nível, sem causar o desequilíbrio, como vemos em outros lugares do mundo”, aponta.

Mesmo após o período de estudo em campo, Amana continua se dedicando ao estudo das zooxantelas, o que já lhe garantiu uma recente descoberta. “A gente já sabe que há uma linhagem de microalgas, que é natural daqui do sudeste, da área do Rio de Janeiro e Espírito Santo”, conta a bióloga, que exalta o quão importante é entender a ação desses micro seres para o bem-estar do ecossistema marinho.

Amana Garrido
(Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)
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Amana ainda destaca a relevância dessas iniciações científicas e do auxílio financeiro para os estudantes da ciência, como o FUNBIO, que atualmente está com seu edital aberto para receber as inscrições.

“Foi imprescindível para a minha pesquisa, pois o programa veio na hora certa e possibilitou que eu a fizesse. Eu tinha financiamento de outros projetos, mas para partes diferentes da minha tese de doutorado, mas esse capítulo em específico não teria acontecido se não fosse o apoio do programa. Fazer parte da parcela de 60% das mulheres financiadas por este programa para mim é muito gratificante”, celebra.

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