Ao passar por qualquer problema – inclusive, financeiro – o que não faltam são conselhos. Familiares, amigos, conhecidos e colegas de trabalho têm um conselho infalível para você acertar as contas do mês, usar habilmente o cartão de crédito, escolher uma carreira que lhe dará mais grana, e assim vai. Mas, como já dizia o ditado: “Se conselho fosse bom, não se dava, se vendia.”
De fato, de acordo com o editor do blog de finanças The Simple Dollar, Trend Hamm, há diversos conselhos financeiros que muitas pessoas seguem – mas não deveriam. “Em uma entrevista, me perguntaram qual foi o melhor e pior conselho sobre finanças pessoais que já ouvi. O melhor foi fácil: ‘gastar menos do que ganha’. E o pior? Eu listei vários.”
Confira abaixo 6 conselhos terríveis sobre dinheiro que você certamente já ouviu centenas de vezes e entenda porque deve deixar de segui-los o quanto antes:
1. Use seu cartão de crédito para ganhar milhas
Muitas pessoas usam bastante o cartão de crédito e projetam suas despesas para o mês seguinte com o objetivo de ganhar mais pontos em programas de milhas ou de bônus.
Segundo Trend, utilizar frequentemente o cartão impacta pouco na pontuação. “Tudo deve ser levado em consideração, como o tipo de conta que você tem, o histórico de pagamento, quanto tempo utiliza o cartão, entre outras variáveis”.
Além disso, com taxa Selic beirando a 13% ao ano, os juros do cartão de crédito podem não compensar as milhas. Outro problema é o risco de se enrolar nas contas e não conseguir pagar a fatura inteira do cartão – e ter juros absurdos na próxima fatura, formando uma bola de neve e inadimplência.
2. Vá para a faculdade
Familiares insistem em dizer que se formar em um curso de graduação é a melhor forma de ser bem sucedido e ganhar dinheiro. Outro conselho errado, segundo Trend. “Sem dúvida, um diploma universitário oferece benefícios financeiros, mas é um imperativo automático?”
Não há problema em fazer um curso pelo qual conseguirá um trabalho que você realmente goste, o importante é aproveitá-lo. “No entanto, quase metade dos estudantes universitários acaba abandonando a faculdade [nos Estados Unidos]. Isso significa que todo o dinheiro que já pagou, ou financiamento que entrou para pagar a faculdade, foi perdido. Mais de 60% dos recém-formados não conseguem encontrar um emprego em sua área.”
E não é só o dinheiro que se perde – o tempo em que você faz uma faculdade que não gosta (e continua por qualquer pressão externa) poderia ser muito melhor aproveitado, como em encontrar uma carreira que não precise, necessariamente, passar pelo ensino Superior. Há diversos cargos que pedem diploma técnico, por exemplo.
3. Alugar uma casa é jogar dinheiro fora
Para a “maioria” dos brasileiros, nada melhor do que ter sua própria casa. Essa máxima pode ser seguida por muitos, mas não vale para todos. Em algumas situações, alugar ainda é a melhor opção. Por exemplo, se alguém não tem residência fixa ou quando a pessoa é muito jovem.
“Muitos entram em financiamentos quase que imediatamente depois de se formarem”. Além de adquirir uma dívida em uma fase de mudanças, eles contraem outras despesas, como impostos sobre a propriedade, seguro e taxas de segurança ou de condomínio. Antes de buscar o imóvel próprio, vale fazer as contas e por na ponta do lápis os custos de adquirir uma casa e compará-los com o aluguel.
“Definitivamente, existem situações em que a compra faz sentido. Se você tem um trabalho estável, poupou dinheiro e sabe que permanecerá na região por muitos anos, vale mais a pena investir na casa própria.”
4. Invista seu dinheiro em ouro e bitcoin
O ouro é uma grande proteção contra a inflação, dizem. Bitcoin é o futuro, dizem. Você precisa investir nisso para se aposentar, dizem. Por que esses conselhos estão errados? “Primeiro de tudo, o ouro é extremamente volátil, mais do que o mercado de ações. Bitcoin é ainda mais volátil do que o ouro e é um investimento de risco, por ser muito novo.”
Trend diz que esses investimentos sobem e caem em valores fortes e isso pode ser um problema para o pequeno investir, que apenas quer guardar dinheiro e observar os rendimentos para se aposentar. “Melhor conselho: tenha uma carteira de investimentos diversificada, com títulos, ações, isso é, um fundo diversificado voltado para a aposentadoria. Você pode ter um pouco de ouro, se desejar, mas não é necessário.”
5. Se aposentar mais cedo deve ser seu objetivo e você deve centrar sua vida em torno dele
O quanto antes se aposentar, melhor. “É algo que pessoalmente valorizo muito. Mas ele precisa ser seu principal objetivo?”, questiona o editor.
Mas, ele lembra, que isso não pode ser considerada uma regra. Cada um tem que pensar em seu objetivo de vida e descrever o que gostaria de estar fazendo daqui 10, 20 ou 30 anos. “Em vez de focar apenas na aposentadoria antecipada, uma boa dica é descobrir o seu verdadeiro objetivo a longo prazo, isso é, o que você mais gosta de fazer. A partir de então, fazer um rigoroso planejamento e guardar ou investir dinheiro em prol deste ponto.”
6. Há boas dívidas
“Muitos educadores financeiros gostam de caracterizar dívidas como ‘boas’ ou ‘ruins’, usando uma série de características para fazer esse julgamento”, conta. “Simplificando, não existe essa coisa de dívida ‘boa’. Existem boas razões para pedir dinheiro emprestado, mas assim que você tem uma dívida, ela se torna um peso.”
Em vez de comprar a ideia de ‘dívidas boas’, só entre em um financiamento se ele lhe trouxer um retorno financeiro ou diminua as despesas a longo prazo, por exemplo, financiar educação (que fará você ganhar maiores salários) ou uma casa (se o aluguel está muito caro), mas o foco é se livrar dela o quanto antes.
Matéria publicada em Brasil Post.