Não sei se fui atingida por aquele papo de “resolução de Ano Novo”, ou se foi pura influência de algumas fotos-referência que pipocaram na página inicial do meu Pinterest nos últimos tempos. Mas a verdade é que desde dezembro passado a ideia de pintar o cabelo de cor-de-rosa, com uma nuance bem algodão-doce, começou a pairar por aqui.
Ao mesmo tempo eu, que tinha passado 2018 inteirinho sem mexer muito no visual (mantive os fios em um comprimento médio e a cor 100% natural), ainda estava um tanto quanto resistente a mudanças (taurina, sabe?). Coloquei o pensamento do cabelo colorido em Stand By – quem sabe um dia?
Logo em janeiro, bem por acaso, comecei a ver “Sex Education”, a série original Netflix que, atualmente, é uma das mais assistidas do catálogo. Na história, Emma Mackey, que dá vida à personagem Maeve Wiley, tem como principal atributo de estilo um cabelo meio loiro, meio rosa lavado, e inspiração das boas para quem ainda estava com dúvidas em investir na cor.
Ok, decidido. Até o final do ano eu pintaria meu cabelo de rosa.
Coincidência ou não, no mesmo mês nós, do MdeMulher, recebemos na redação um e-mail da Wella, marca especializada em cabelos, perguntando se alguém tinha interesse em testar a Color Fresh Create, nova linha de tintas coloridas e lançamento fresquinho deles para o Carnaval. Eu e o Lucas Castilho, editor de beleza, topamos na hora (no caso dele, o tom escolhido foi um verde-azulado).
Horário marcado e, poucos dias depois, lá estávamos nós no salão Studio W Iguatemi (SP), aos cuidados do cabeleireiro Dougllas Dias, um dos embaixadores da Wella no Brasil.
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Um exercício de paciência
Antes de mais nada, é preciso saber que, para investir em um tom ‘fantasia’ (nome popular para essas cores como rosa, azul, laranja…), você provavelmente terá de descolorir os cabelos, talvez completamente (isso varia de acordo com a base natural de seus fios e comprimento). Se a descoloração não for realizada e você optar por passar a tinta direto nos fios, por cima da sua cor natural, há grandes chances do tom não pegar ou, pior ainda, resultar em uma nuance totalmente diferente daquela esperada.
Meus cabelos têm um tom que os profissionais costumam chamar de “loiro escuro acinzentado”, ou seja, a base dele já é clara. Mesmo assim, para que o cor-de-rosa fixasse, luzes foram feitas em toda a cabeça – um processo longo e cansativo que, no total, durou umas oito horas.
Dougllas explica que, no meu caso, primeiro foram feitas mechas bem finas, usando a técnica da transparência: os fios são desfiados de baixo para cima e o descolorante é aplicado logo em seguida, para promover um efeito mais homogêneo que não contrasta tanto com o tom natural das madeixas. Depois, as mechas foram separadas em blocos e clareadas com o uso de papel, para acelerar o procedimento. Quanto ao acabamento, foi necessário “apagar” a raiz, a fim de promover essa naturalidade.
“Assim, quando o rosa sair do cabelo, ele vai ficar loiro, como se a pessoa tivesse feito reflexos”, diz.
Após descolorir tudo, mais uma horinha no lavatório para remover o descolorante, lavar e desembaraçar os fios, seguida pela secagem. O cor-de-rosa (ou qualquer outro tom colorido) precisa ser aplicado com o cabelo completamente seco.
Vale dizer, ainda, que não é recomendável descolorir os cabelos em casa: o método é agressivo e, se não for realizado da maneira correta, pode queimar o couro cabeludo, resultar em fios fracos e quebradiços – no mais terrível dos cenários, o cabelo pode até cair. Procure por um profissional de confiança e invista em bons produtos para manter a cabeleira sempre hidratada.
Finalmente, cor-de-rosa
Passar a tinta rosa, olhem só, foi a parte mais rápida de todo o processo – se para ficar loira são necessárias aproximadamente sete horas no salão, o ato de colorir com o tom fantasia não chega a demorar nem trinta minutos.
Para atingir o tom clarinho, na verdade, foram misturadas três diferentes tintas da Color Fresh Create: Tomorrow Clear (que funciona como uma tinta-base), Nu-Dist Pink (um rosa bem lavado) e High Magenta (um pink mais intenso), em diferentes proporções. Com o cabelo dividido em mechas mais grossas, Dougllas e sua equipe começaram a aplicar a mistura pela parte de trás da cabeça, passando para o meio e, por fim, para a frente. É importante ficar atenta ao relógio: com essa combinação de cores, o produto deve ficar agindo nos fios durante 15 minutos, no máximo, para não dar alteração no tom.
Depois, mais uma sessão no lavatório, com bastante produto hidratante. No fim das contas, meu cabelo resultou em uma espécie de ombré cor-de-rosa, de modo que a cor começa no loiro e vai ficando mais intensa ao chegar nas pontas (eu pedi para que Dougllas não mexesse na raiz).
“Quanto mais escuro for o cabelo, é aconselhável fazer nuances mais sutis, porque o efeito do clareamento pode fragilizar muito os fios. Tem que tomar cuidado com isso também”, acrescenta o profissional.
Manutenção e durabilidade
Falar sobre manutenção de cor é algo complexo, já que cada cabelo tem suas particularidades. Quem tem fios enrolados ou crespos, por exemplo, não tem tanta necessidade de lavá-los com frequência, como acontece com quem tem cabelos lisos e com tendência à oleosidade (presente!). Da mesma forma, um cabelo naturalmente seco tende a ficar mais desidratado quando submetido à descoloração, ainda mais se outras tintas já tiverem sido usadas naqueles fios.
Porém, manter uma cor fantasia não tem tanto segredo assim: conforme disse ali em cima, o caminho mais fácil consiste em usar produtos próprios para isso, como xampus, condicionadores e cremes de tratamento feitos para prorrogar a tonalidade da tinta. Hidratações periódicas também são uma boa, e ajudam a manter fios e couro cabeludo saudáveis.
A má notícia é que dificilmente a cor vai durar muito tempo. No caso das tintas da Wella, Dougllas afirma uma durabilidade que varia entre 15 e 20 lavagens, mas tudo depende do xampu que você usar. Hoje, cerca de três semanas após a coloração (ou 22 dias, para ser mais exata), meu cabelo está uns 80% loiro, mas ainda é possível notar algumas nuances de cor-de-rosa. Posso dizer que a tinta – no Brasil, exclusiva para uso em salões de beleza (pelo menos por enquanto) – surpreende pela qualidade, e vem durando mais do que o esperado.
E claro que vale lançar mão dos xampus secos naqueles dias em que seu cabelo não está tão sujo assim: borrife o produto na raiz, espalhe com as mãos até “sumir” e finalize da forma que estiver acostumada.
Vale a pena?
Para mim, ter cabelo colorido foi uma decisão acertada, não estranhei e achei que a cor combinou bastante com a minha personalidade. Se esse também é um desejo seu, vale (muito!) investir na paleta, mas sempre tendo consciência daquilo que já dissemos: provavelmente você terá descolorir o cabelo, além de aceitar que a cor vai, sim, desbotar.
Eu acabei me identificando tanto com o cabelo rosinha, que pretendo manter o tom, pelo menos pelos próximos meses. Caso você seja das mais ousadas, dá até para investir em uma nova cor a cada vez que o cabelo desbotar e, por que não, usar todas elas juntas em uma proposta meio arco-íris?
Ah! Fica um último conselho: se você tem vontade de mudar o visual, mas está com medo, receio, ou falta de coragem, tente mandar tudo isso para bem longe e arriscar. A atitude pode ser transformadora, e a vida é muito curta para não ter cabelo rosa – ou azul, verde, raspado, curtinho, cheio de volume… -, né?