“O alisamento deve ser uma opção e não uma obrigação”. Com essa frase, a jornalista e blogueira do ótimo Cachos e Fatos, Sabrinah Giampá já deixa claro qual o posicionamento dela: a mulher precisa, acima de tudo, aprender a amar e cuidar do seu cabelo como ele é.
“Ter fios crespos no Brasil é um ato político. Estamos inseridas em uma cultura muito racista e machista. Ela faz a gente se sentir feia e incompleta. O ideal de feminilidade é aquele cabelo liso e comprido. Você, infelizmente, se sente na obrigação de se enquadrar”, diz.
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Refém de tratamentos químicos por mais de 30 anos, ela conta ter redescoberto a si mesma e, principalmemte, a felicidade somente quando resolveu assumir, de vez, os cachos. “É um processo difícil, eu sofri bullying, traumas… Mas vale muito a pena. A pessoa precisa estar muito preparada internamente. Porque ela vai lidar com o preconceito da família, dos amigos, do namorado e até mesmo com o próprio. Cada cabelo tem a sua beleza e quando a mulher se olha no espelho e se aceita, todas as coisas boas acontecem”, explica.
Autora do recém-lançado “O Livro dos Cachos” (Ed. Paralela, R$ 39,90), segundo ela, uma pequena contribuição para a democratização dos crespos, Giampá, também uma cabeleireira com especialização em fios cacheados, adiantou para o MdeMulher 8 lições preciosas presentes na obra.
- Assumir os cachos é um processo difícil, de descoberta, mas, certamente, você irá aprender a gostar muito mais de si mesma.
- Um dos primeiros passos é se desfazer daqueles preconceitos internalizados. Quem disse que para a mulher ser bonita é preciso ter fios lisos e compridos? A gente escuta desde pequena ‘cabelo crespo é ruim, é feio’. Isso é uma grande mentira e ela precisa ser combatida.
- Uma dica importante é a de SEMPRE ler os rótulos dos cosméticos e não se deixar seduzir pelo marketing . Muitas empresas colocam ingredientes naturais só para dizer que puseram, mas, na real, a quantidade é muito reduzida. Cada cabelo reage de um jeito diferente a cada produto e a única forma de saber se ela funciona para você, é testando e, ao ler os componentes [no livro você encontra uma listagem com as funções de cada um deles], quem sabe, da próxima vez, você encontra um produtinho mais barato com os mesmos ingredientes daquele um pouquinho menos em conta.
- Você não pode ser escrava do cabelo. Nossa vida é interessante demais para gente se preocupar, por exemplo, com um cronograma capilar, sabe.
- A natureza sabe e ela faz o cabelo do jeitinho que mais combina com o nosso rosto.
- E ter cabelo natural não é nada caro, pelo contrário. Você vai ficar livre da chapinha, da progressiva e de outros tratamentos agressivos para você – e seu bolso.
- Acho que uma das lições mais incríveis é de que quando você se gosta, acaba se tornando livre, resgata a sua autoestima e se empodera.
- O livro traz um pouco do trabalho que eu faço no blog, essa coisa de uma mulher ajudar a outra, empoderar a outra. Ensinar novas dicas de cuidados, finalizações… Ainda faltam muitas referências para as mulheres crespas e eu fico feliz de colaborar, nem que seja um pouquinho, para ajudar mais garotas a se amarem do jeito que são.