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Isabella Marinelli

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Enxergar beleza nas outras mulheres faz muito por nós mesmas

A jornada de conviver com as mudanças no corpo pode ser mais doce dependendo das referências que acumulamos no caminho

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Atualizado em 18 out 2020, 16h33 - Publicado em 18 out 2020, 15h00
A imagem Gaële-1 pertence à série Espelhos, do fotógrafo francês baseado no Canadá Robin Cerutti (Robin Cerutti/CLAUDIA)
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Há alguns meses, bati um papo com a antropóloga Mirian Goldenberg sobre autoestima e construção da feminilidade para uma reportagem. Na ocasião, uma frase dela me pegou: “O corpo da mulher é um capital e, na nossa sociedade, perde valor quando envelhece“. É uma premissa incômoda e tão verdadeira que causa medo.

Ainda não cheguei aos 30, mas penso muito sobre envelhecer. Quando tinha uns 12 anos, lembro que desejava ser eternamente jovem. Entretanto, ainda que hoje sinta vergonha de admitir, devo reconhecer que o meu maior medo era parecer velha – pele, cabelo, corpo e tudo mais. É louco escrever isso, mas de certa forma eu via essas características como reflexos de uma série de estereótipos sobre o amadurecimento e a velhice, como falta de independência, de liberdade, de vivacidade.

As minhas ideias começaram a mudar anos depois por causa da moda. Passava horas vendo fotos de streetstyle e blogs com pessoas reais muito estilosas e seguras de si mesmas. Fui criando referências de imagens que me agradavam e não necessariamente estavam na casa dos 30 e poucos anos. Observando mulheres autênticas, donas do próprio estilo, consegui enxergar beleza nos cabelos brancos e também nos curtíssimos. Descobri que franja não tem data de validade, muito menos madeixas bem longas. Apreciei a sensualidade em corpos que não eram iguais ao meu, mas, por serem diferentes entre si, aumentaram minha confiança na própria pele, pois ela também é passível de admiração em todas as fases.

Para mim, além do autoconhecimento, essa é uma das chaves para atravessar as inquietudes relacionadas à beleza: o ato de nos cercarmos de referências que nos agradam e nos aproximam de quem somos e de quem
gostaríamos de ser é poderoso. Pode parecer que é apenas um corte de cabelo ou um batom, mas é a atitude e a força que isso carrega. Os ícones podem estar nas revistas, no Instagram, nos filmes – felizmente, esses espaços se mostram cada vez mais diversos – ou são nossas mães, avós, tias, vizinhas.

O processo de encontrá-los nem sempre é simples – até mesmo para as celebridades, e sempre pergunto isso a elas quando tenho oportunidade. Contudo, vale a pena tentar todos os dias. Abra uma pastinha no celular e comece a salvar o que emociona você, o que salta aos olhos. Encontrar beleza é um exercício, e nossa cabeça precisa de treino.

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Escrevo sobre isso na edição de aniversário porque, falando com tantas mulheres espalhadas pelo Brasil, é a minha forma de agradecer a quem, mesmo sem saber, me inspira para chegar feliz da vida aos 59, tal qual a revista. Espero que CLAUDIA continue a cumprir esse papel de inspirar você também, assim como as pessoas que ilustram as páginas e as que trabalham ao meu lado na redação fazem por mim.

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