Emily Ratajknowski é uma modelo britânica conhecida por não ter medo nenhum de mostrar o corpo. Um dos motivos que a fez famosa, inclusive, foi o fato de ter aparecido com os seios totalmente à mostra no videoclipe da música “Blurred Lines”, de Robin Thicke, lançado em 2013.
Declaradamente feminista, mas alvo de críticas exatamente por ostentar essa imagem quase que sempre sensual, Emily surpreendeu o público e levantou uma importante discussão sobre feminilidade ao protagonizar um ensaio para a edição de setembro da revista Harper’s BAZAAR americana, divulgado nesta quinta-feira (8).
Na foto, acompanhada por um texto em primeira pessoa que destaca a importância de mulheres serem tratadas com respeito e dignidade, independente da escolha de cada uma, ela aparece com os braços levantados, vestindo uma lingerie de renda, ângulo que destaca os pelos aparentes de sua axila – sim, o ano é 2019, mas muitas pessoas ainda associam pelos femininos a falta de higiene, e não-feminilidade, enquanto pelos masculinos são e sempre foram aceitos socialmente.
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Ela começa o relato falando sobre seu primeiro contato com o movimento feminista, ainda na época da faculdade, quando compreendeu a diferença entre os conceitos de gênero e sexualidade, e passou a examinar sua própria vivência como mulher:
“Antes que eu vá mais longe, vamos afirmar o óbvio: eu sou uma mulher branca e cis. Eu tenho noção dos meus privilégios dentro de uma sociedade heteronormativa, e eu não pretendo agir como se a minha identidade não tivesse tornado algumas coisas mais fáceis para mim. Isto posto, quero usar essa oportunidade para falar sobre como tem sido a minha experiência como mulher (…)”, escreveu, em tradução livre.
A modelo prossegue, ao analisar como os conceitos de masculinidade e feminilidade impactaram sua vida, e perceber que muitos de seus comportamentos, considerados “sensuais”, são herança de uma cultura pautada pela misoginia.
“Claro, tenho certeza de que a maioria das minhas primeiras aventuras investigando o que significa ser uma garota foi fortemente influenciada pela cultura misógina. Inferno, eu também sei que muitas das maneiras pelas quais eu continuo a ser considerada ‘sexy’ são fortemente influenciadas pela misoginia. Mas eu me sinto bem assim, e é a minha escolha, certo? O feminismo não é sobre isso? – escolhas? (…) Eu gosto de me sentir sexy de um jeito que me faça, pessoalmente, sentir sexy. Ponto”, disse.
Sobre a questão dos pelos, ela foi direta:
“Se eu decidir raspar os pelos das minhas axilas, ou deixá-los crescer, isso depende de mim. Para mim, pelos no corpo são mais uma oportunidade para que mulheres usem de suas capacidades de escolha – uma escolha baseada em como elas querem se sentir e se isso está associado ou não à depilação. Em alguns dias, eu tendo a escolher me depilar, mas às vezes deixar meus pelos crescerem é o que me faz sentir sexy. E não existe resposta certa, não existe escolha que me faça mais ou menos feminista, ou até uma ‘má feminista’, pegando emprestado [o termo] de Roxane Gay. A partir do momento que essa decisão é uma escolha minha, ela é a escolha certa. Em última análise, a identidade e a sexualidade de um indivíduo dependem deles e de mais ninguém”.
O texto em inglês, na íntegra, pode ser acessado no site da Harper’s BAZAAR.