Quando as temperaturas caem, muita gente se anima a procurar o consultório dermatológico para fazer tratamentos estéticos, principalmente os de rosto. Há muito tempo acredita-se que o frio do inverno seja necessário para que os resultados sejam melhores e mesmo para que não haja efeitos colaterais na recuperação.
Mas daí nos pusemos a pensar: e nos lugares do Brasil (e do mundo) onde o inverno não é nada rigoroso e as temperaturas nunca ficam em um dígito só? As pessoas não podem fazer tratamentos estéticos? Precisam viajar para fazê-los?
Conversamos com as dermatologistas Christiane Gonzaga, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), e Teresa Rolim, da Clínica Nutrindo Ideais, para matar essa charada.
Frio = conforto na recuperação
De forma bem direta: não é obrigatório que esteja frio para fazer quaisquer tratamentos estéticos. Você pode fazê-los na primavera, no verão, no outono ou no inverno.
“Acreditam muito nesse ‘mito do inverno’ principalmente em relação aos lasers, mas não existe isso. Os resultados são os mesmos em todas as estações do ano. A recuperação é mais confortável no frio, apenas isso”, afirma Teresa.
O conforto a que ela se refere é em relação ao uso obrigatório de hidratante e filtro solar físico sobre áreas expostas que recebam laser – rosto, pescoço, colo, mãos. Em temperaturas mais amenas, não fica aquela sensação de produto empapado ou escorrendo sobre a pele ou de mãos escorregadias por causa de cremes e géis.
Mas mesmo no verão é possível impedir esse desconforto, como sugere Christiane: “Basta a paciente não ir ao sol e ficar em um ambiente fresco, de preferência com ar condicionado ligado.”. Simples, simples!
Outro benefício das temperaturas baixas é poder cobrir as áreas tratadas caso haja uma urgência para sair de casa. “Se tiver sido uma aplicação de laser nas mãos, pode-se usar um par de luvas, que esquenta e protege da radiação solar; se a área tratada for o pescoço, um cachecol ou uma gola alta resolve. Tratamentos no corpo ficam tranquilamente protegidos pelas roupas mais compridas”, exemplifica Teresa.
Independentemente da estação do ano, o resguardo é obrigatório
Especialmente quando o tratamento em área exposta é por meio de um laser ablativo, como o laser de CO2, é imprescindível se resguardar durante pelo menos as primeiras 48 horas da recuperação. Ficar em casa mesmo, mandando ver no hidratante.
Isso porque o laser ablativo destrói a camada superficial da pele para forçar o organismo a substitui-la por uma epiderme nova, mais lisa e rica em colágeno. A pele fica com pequenas feridas e hematomas que, se expostos aos raios solares, podem resultar em manchas. E nunca é demais lembrar que os raios ultravioletas do sol ultrapassam as nuvens e chegam até nós mesmo que o dia esteja frio ou nublado.
Depois dos dois dias iniciais, com o uso de hidratante e de filtro solar físico – o químico não é recomendado, por arder –, a recuperação permite um mínimo de saídas até ser completada uma semana da aplicação. Oito dias após o tratamento, a vida pode voltar ao normal.
Outros tratamentos semi-ablativos (como o CO2 fracionado) ou não ablativos (como o ultrassom multifocado ou o laser spectra), que não causam tantos traumas na pele, dispensam todo esse resguardo, desde que se respeite a obrigatoriedade da aplicação do filtro solar na recuperação.
“Isso nem deveria ser um problema, porque todas as pessoas, mesmo que não tenham passado por um tratamento estético, devem usar filtro solar diariamente o ano todo”, alerta Christiane. De novo, a questão aqui é o fato de os raios UVA e UVB nos alcançarem todos os dias, independentemente da temperatura.
Teresa também destaca que, em todos os casos e em todas as estações, é importante tomar cuidados simples para evitar infecções na pele recém-tratada. “O uso de roupas de cama limpíssimas, principalmente, porque a pele sensível é uma porta de entrada para a infecção. Se for possível, todo tecido que entrar em contato com a pele recém-tratada deve ser passado a ferro antes de ser usado”, finaliza.