Cuidar de si significa tratar bem as emoções. Isso porque elas afetam não só nosso dia a dia, mas também nosso corpo. Quando sentimos ansiedade, por exemplo, são comuns os sintomas de paralisia, coração acelerado e sudorese. Nesse sentido, a terapia vem para evitar o mal-estar e nos dar ferramentas para lidar com situações negativas.
Ao entender a importância de desmistificar tabus em relação à saúde mental, o psicoterapeuta Joshua Fletcher escreveu diversos livros sobre o tema, como o lançamento Como você se sente em relação a isso?. Sua missão é ajudar as pessoas a desenvolverem uma relação mais saudável com seus sentimentos, promovendo uma visão que prioriza o autoconhecimento e a autocompaixão.
“Uso minha experiência pessoal para mostrar aos outros que entendo as profundezas da ansiedade extrema. Combino esse entendimento com minha abordagem profissional, respeitando os princípios éticos da psicoterapia: empatia, consideração positiva incondicional e autenticidade” afirma a CLAUDIA. Abaixo, confira suas considerações sobre o tema:
Como surge a ansiedade?
Dentro do cérebro, há uma estrutura chamada amígdala, afinada para ativar em resposta a ameaças. No entanto, o que constitui uma ameaça varia de pessoa para pessoa. Para alguns, elas são bastante literais – como estar em perigo, enfrentar conflitos, encontrar pessoas hostis ou lidar com condições climáticas extremas. Entretanto, há quem considere questões mais subjetivas, como preocupações sobre o que os outros pensam de nós ou medo de julgamento.
“A ameaça ao ego, como acreditar que só temos valor se formos bem-sucedidos, atraentes, respeitados ou ricos, também pode ativar a amígdala, acionando nosso sistema de resposta”, explica Joshua. Essa resposta é um misto dos hormônios adrenalina e cortisol, que rendem sintomas físicos e psicológicos negativos para o corpo.
Às vezes, a ansiedade é desencadeada por um evento específico, mas, para a maioria, surge de estresse acumulado. Quando isso acontece, a resposta de ameaça pode falhar, o que resulta em uma série de pensamentos de “e se” – sintomas e confusão sobre por que nos sentimos dessa forma. “Quando a ameaça não é fácil de identificar, nosso cérebro sugere potenciais catástrofes, levando-nos a comportamentos como pensar demais, preocupar-se e evitar situações”, complementa o especialista.
Como cultivar uma relação saudável com as emoções?
Se você é daquelas pessoas que, quando se sente triste, logo quer mandar a emoção ir embora, saiba que é preciso acolher a si mesmo – mesmo que a sensação não seja positiva. “A psicologia nos ensina que o que resistimos, persiste. Quanto mais tentamos evitar ou rotular emoções negativas como inaceitáveis, mais importância atribuímos a elas involuntariamente”, conta o especialista.
Nosso cérebro e corpo necessitam de equilíbrio, precisando experimentar a gama completa de sentimentos para alcançar o contentamento. “Por isso, rejeitar o que é considerado ruim enquanto seguimos uma cultura de positividade tóxica não é eficaz. Em vez disso, é importante reconhecer que não temos somente dias bons”, indica.
Como as crises globais afetam nossa saúde mental?
As tensões de crises globais e incertezas constantes são desafios que, mesmo indiretamente, todos enfrentamos. Segundo o psicólogo, é totalmente aceitável fazer uma pausa de tempos em tempos para se desconectar dessas preocupações, pois, no final das contas, se não estamos bem, é difícil ser eficaz como indivíduo.
“O essencial é entender que você não é uma má pessoa se optar por pular as notícias um dia ou se estiver lidando com fadiga de compaixão. Essas são experiências muito humanas. Nenhum de nós é perfeito, e é importante cuidar de nós mesmos”, diz.
Qual é o melhor momento para procurar terapia?
Um dos maiores mitos sobre a terapia é a crença de que você só deve procurar ajuda quando chegar ao fundo do poço. Na realidade, não há um momento perfeito para começar – você pode iniciar sempre que sentir necessidade. Todos têm suas próprias lutas, vícios e questões a discutir. Pedir ajuda pode ser uma prática proativa, não apenas uma reação à crise.
“Para mim, esse é um aspecto essencial do autocuidado. É interessante como é socialmente aceitável compartilhar visitas à academia nas redes sociais, mas ainda há um tabu em torno da saúde mental, apesar de o cérebro ser o órgão mais vital do nosso corpo”, argumenta Joshua. “Não deixe que seu crítico interno convença você de que suas necessidades são menos importantes que as dos outros.”
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