Gnomos, fadas e sereias são criaturas místicas que estão profundamente enraizadas em nossa cultura, ainda que, para os adultos,
possam soar como brincadeira de criança. Contudo, há aprendizados destinados àqueles que se arriscam a encarar tais seres elementais sob outras perspectivas. Ao investigar a origem dessas lendas, Amanda Celli, do @temperodebruxa, descobriu que a crença em elfos, duendes e outros seres mágicos vem de povos ancestrais, incluindo celtas, egípcios, gregos e nórdicos. “Essas sociedades sempre relacionaram tais criaturas a cada um dos quatro elementos da natureza: terra, fogo, ar e água”, explica ela.
Em paralelo às lendas e mitos, o filósofo grego Empédocles causou grande impacto no ocidente ao criar a teoria cosmogônica dos quatro elementos, na qual afirmou que todo o universo foi criado a partir deles. “Alguns alquimistas e cientistas notórios começaram a seguir esses estudos. Foi aí que Paracelso entrou na equação e ampliou a hipótese, afirmando que cada elemento era ‘comandado’ por um ser elemental, que são justamente os gnomos, fadas e por aí vai”, diz Victor Valentim, tarólogo e criador do Bosque dos Gnomos (@bosquedosgnomos).
E qual a importância disso tudo? Para Flávia Lopes, dirigente do Templo Universalista de Amor e Caridade Maria Madalena, a resposta é simples: “Perdemos a conexão com a mãe natureza. Mal sentimos o vento bater e temos pouca proximidade com o mar e as cachoeiras. Mas não estamos sozinhos na Terra. Existe um reino espiritual que auxilia na organização de todos os elementos, que por sua vez, estão interligados aos ciclos do planeta e aos ciclos pessoais”.
Enquanto sereias e ondinas regem o elemento água, gnomos e duendes comandam a terra. Silfos e sílfides (semelhantes às fadas) guardam o ar e, por fim, temos as salamandras protegendo o fogo. Buscar uma conexão com os elementais (ou com os elementos) nos possibilita entender quem somos e o que precisamos. “Nos interligamos de forma espiritual com tudo o que compõe o planeta. Quando essa ligação é bem trabalhada, geramos harmonia nos nossos caminhos”, afirma Victor Valentim.
A seguir, os especialistas mostram como trabalhar cada elemento de forma separada — fica de lição criativa unir todos eles de acordo com o seu processo de autoconhecimento e autodescoberta.
Terra
De acordo com Amanda Celli, a terra está ligada aos aspectos materiais, incluindo prosperidade, trabalho e estrutura. “É o elemento da estabilidade. Representa a nossa firmeza, organização e foco para materializar o que desejamos. Em excesso, acaba
nos tornando estagnados, céticos, teimosos e materialistas. Em escassez nos faz indisciplinados, consumistas e irrealistas”, diz.
Para equilibrar este elemento, Flávia Lopes recomenda a auto-observação. “Primeiro, nutra a sua própria terra. Cuide daquilo que
você consome. Não é sobre comer carne ou não. Beber ou não beber. Fumar ou abandonar este hábito. É sobre compreender porque fazemos certas coisas para, então, nos nutrir com o que o nosso ser realmente precisa. Depois, coisas simples como ter um jardim ou uma plantinha em casa já ajudam”, complementa.
Perdemos a conexão com a mãe natureza, mas não estamos sozinhos na Terra
Flávia Lopes, dirigente do Templo Universalista de Amor e Caridade Maria Madalena
Ar
Regente do campo mental (incluindo aí pensamentos, criatividade, estudos e comunicação), ele organiza os nossos raciocínios. “Em excesso, pode trazer ansiedade e exaustão, já que os pensamentos incessantes nos mantêm presos em nossas mentes. Já a escassez nos traz pouco senso crítico. Ou seja, fazemos as coisas sem pensar e não nos interessamos por novos conhecimentos”, compartilha Amanda.
Alcançar o equilíbrio, segundo Flávia, demanda meditação acompanhada de incensos e aromas que acalmem. “Apesar de invisível, este elemento é imprescindível para a existência. É essencial prestar atenção ao ciclo de inspiração e expiração para entendermos o que absorvemos e o que devemos eliminar. Não é porque inspiro algo hoje que preciso manter para sempre na minha vida”, continua ela.
Fogo
Coragem, motivação, dinamismo e prazer pela vida. Coisas indispensáveis na vida, né? Entretanto, Victor Valentim alerta que, no extremo, o componente nos torna raivosos, explosivos e acelerados. O contrário, na falta, nos desanima, enfraquecendo a autoestima e ceifando as nossas paixões. “Não adianta jogar água para equilibrar o fogo, porque as chamas irão apenas crescer. Eu recomendo fazer exercícios físicos, dançar, lutar, correr. Coisas que nos fazem suar são ótimas para canalizar a explosividade e manifestar o fogo interno”, esclarece o tarólogo.
Flávia acrescenta que acender velas e realizar orações — independente de quais sejam as suas crenças — também são ótimas dicas para canalizar o nosso poder de manifestação: “Olhe para a chama da vela e se pergunte: ‘O que ela ativa em mim?’.”
Água
Ela está intimamente ligada aos assuntos do coração: emoções, sentimentos e relacionamentos. Quando acumulada, nos torna extremamente sensíveis, introspectivos e tímidos. “Tendemos a tomar decisões emotivas que geram arrependimentos. Há uma melancolia, uma carência e um grande apego ao passado. Já a escassez ocasiona frieza, insensibilidade, falta de empatia e dificuldade em criar laços afetivos”, diz Amanda.
Pegue aquela playlist ou aquele filme de drama e permita-se chorar — pode parecer besteira, mas é super útil. Reserve também um tempo para perceber as ansiedades e angústias, sem julgamentos. “E óbvio: tome água, pois ela nos ajuda a eliminar tudo aquilo que não nos serve mais”, aponta a dirigente do Templo Universalista Maria Madalena.