Acaba de ser divulgada uma pesquisa sobre os hábitos sexuais dos brasileiros, focada no uso de preservativo. Encomendado pela Olla, com análise da antropóloga Mirian Goldenberg, o estudo entrevistou mil pessoas sexualmente ativas entre 18 e 35 anos.
Os dados são preocupantes e mostram que, apesar de toda a informação sobre DSTs, as pessoas não estão se prevenindo como deveriam. Para começo de conversa, 52% das mulheres e 47% dos homens revelaram que nunca ou raramente usam camisinha.
Dentre as mulheres, um dos motivos que levam a isso está intimamente relacionado à repressão que nós ainda sofremos por ter uma vida sexual ativa. 42% das entrevistadas respondeu que acham muito desconfortável comprar preservativos e 37% se sentem julgadas no ato da compra. Dentre os homens, 72% acreditam que comprar camisinhas é algo natural e tranquilo.
O hábito de ter um preservativo na bolsa ou na carteira também é maior entre os homens. Enquanto 45% dos homens sempre estão com uma camisinha à mão, somente 29% das mulheres podem dizer o mesmo. Ironicamente, 77% das mulheres e 61% dos homens acham que as mulheres deveriam sempre levar camisinhas na bolsa.
“Por que as mulheres não levam camisinha na bolsa? A defasagem entre discursos, comportamentos e valores pode explicar a distância entre o que elas dizem e o que elas realmente fazem. Apesar de defenderem uma maior igualdade de gênero em seus discursos, elas têm medo do julgamento e do preconceito dos outros a respeito de seus comportamentos sexuais. Neste sentido, a vergonha não é necessariamente do parceiro, mas é uma vergonha cultural, vergonha de não corresponder a um modelo de ser mulher que controla ou reprime a própria sexualidade. Vergonha de ser uma mulher que é sujeito da própria sexualidade, que pode transar com quem quer e quando quer. A mulher livre sexualmente é uma mulher que sofre acusações e que, também, internalizou as acusações e preconceitos sociais existentes”, diz Mirian Goldenberg.