Três em cada quatro mulheres sentem dor durante relações sexuais, afirmam estudos recentes do Colegiado Americano de Obstetras e Ginecologistas. E pior: por falta de informação, muitas delas acabam por achar que isso é normal, e que depois de um tempo, a dor deve passar sozinha. Nada disso.
NÃO, não é normal sentir dor na hora do sexo. “Se dói, é porque tem algum problema”, explica a fisioterapeuta pélvica Débora Padua.
Para você entender melhor sobre o que pode estar acontecendo, o MdeMulher bateu um papo com a fisioterapeuta e com a médica ginecologista Célia Beatriz David.
É normal sentir dor ao ter relações sexuais depois de um tempo sem transar?
“É importante saber a diferença entre dor e incômodo”, conta Débora. De acordo com ela, dores não são normais para o corpo, e é necessário prestar atenção. “É perfeitamente normal depois de muito tempo você acabar sentindo incômodo quando voltar”, esclarece Célia.
Segundo elas, dores aparecem para mostrar que existe algo errado no corpo, principalmente se elas persistem. Está sentindo algo estranho há um tempo? O recomendado é procurar o auxílio de um especialista para descobrir o motivo da dor, seja ele psicológico ou físico.
Quais são as causas mais comuns de dor e como prevenir?
É sempre bom lembrar que as dores podem ser causadas por algum processo infeccioso ou inflamatório, como cistos nos ovários ou endometriose. Por isso não deixe de ir ao ginecologista regularmente.
Mas às vezes a dor pode ser a resposta do corpo a algum desconforto. Situações como falta de excitação e desejo podem causar falta de lubrificação, e consequentemente desconforto e dor. Isso não deve ser ignorado.
Pode haver também questões psicológicas atrapalhando sua busca pelo prazer, e causando dor. Um médico pode ajudar a avaliar o problema.
“Para prevenir a dor é preciso saber qual é a causa dela. Então, é muito importante, se isso acontecer, procurar o ginecologista e fazer uma boa avaliação para detectar qual a causa da dor” explica Célia, já que muitas das causas exigem remédios e tratamentos.
“E é bom lembrar que a relação começa no beijo, então não adianta nada tentar se você não está afim, porque pode acabar causando desconfortos que podem ser duradouros”, acrescenta Débora.
Quais são os tipos de dores mais comuns ?
“Os tipos mais comuns de dor são na entrada da vagina, ou a dentro do abdômen, quando a penetração é mais profunda”, diz Célia.
Caso em alguma relação você tenha tido dor e, mesmo assim, note que não há nada errado fisicamente, pode ser algo emocional. Por isso é importante conhecer mais sobre o assunto, assim o ginecologista deve te encaminhar para o profissional correto.
O que é vaginismo?
“Uma disfunção sexual feminina, que no momento em que a mulher deveria relaxar ela acaba contraindo os músculos da parede vaginal involuntariamente. Mesmo tendo desejo e estando excitada, ela não consegue ter a penetração. Acaba não havendo penetração, ou se há é mínima e dói muito”, explica a ginecologista.
Não se sabe muito bem a causa exata do vaginismo. Sabe-se que a memória de ter dor acaba causando a reação do corpo. Mas o problema pode acontecer também com mulheres virgens. Há também as pessoas que acabam sofrendo de vaginismo por conta de traumas sofridos.
Para conseguir resolver o problema normalmente é necessário trabalhar com uma equipe multidisciplinar: psicólogo e fisioterapeutas pélvicos podem ser indicados pela ginecologista, explica a fisioterapeuta Débora, especialista no assunto.
O tamanho do pênis pode influenciar na dor?
“Pode sim, se existe uma desproporção, um pênis muito grande para uma mulher pequena, isso pode acontecer”, explica Célia.
Como ela conta, uma das formas de aliviar esse incômodo é o uso de um gel lubrificante ou, até mesmo, procurar uma ginecologista para ver se existe a necessidade de utilizar algum creme com hormônio para prevenir esse desconforto. Uma outra dica? Se excitar o máximo possível e encontrar posições que acomodem o pênis com mais conforto para você.
Ah, existe a possibilidade também de nem ser o tamanho do pênis o problema, mas algo na sua musculatura interna, que pode ser resolvido de maneira simples com vários tipos de exercícios passados passados pelo seu ginecologista.
Conheça o seu corpo!
A dica de ouro e que vale sempre lembrar é: se conheça, saiba e respeite seus limites e desejos, ainda mais quando se trata de um momento de prazer. Então, nunca se force a fazer algo que você não quer fazer.
Além disso, visite regularmente o consultório da ginecologista. Não se esqueça de reportar dores, incômodos constantes, além de cheiros, secreções e qualquer coisa diferente na região da vulva.
Mantenha suas consultas e exames em dia para uma vida sexual mais segura e livre de dor. Depois, é só relaxar e gozar. 🙂