Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Abril Day: Claudia por apenas 4,00

Geração do desapego: por que as pessoas têm medo de parecer “emocionadas”?

Especialista explica como o medo da entrega afetiva tem moldado as relações modernas

Por Ana Luiza Bezerra
27 out 2025, 10h00 • Atualizado em 27 out 2025, 10h08
Imagem de homem e mulher de costas um para o outro tirando a aliança, para representar pessoas que não querem assumir relações
Nos últimos anos, tornou-se comum ver pessoas referindo-se a outras como "emocionadas" (Reprodução/Freepik)
Continua após publicidade
  • Você provavelmente já ouviu o termo “emocionado”, mas será que no sentido certo? Segundo os principais dicionários, a palavra se refere a quem expressa emoção. Porém, nas redes sociais, ela ganhou um tom pejorativo, usada para classificar quem mergulha de cabeça em uma relação logo no início.

    O problema vai além da brincadeira. A nova geração tem normalizado relações frias e superficiais, muitas vezes por medo de ser taxada de “emocionada”. O resultado é um jogo constante de quem demonstra menos afeto, deixando de lado a chance de construir vínculos genuínos. É sobre isso que conversamos com a psicóloga Raquel Baldo.

    Estruturas amorosas

    Para a especialista, entender a forma como nos relacionamos é o primeiro passo. “As nossas relações amorosas na vida adulta geralmente são reflexo da experiência que tivemos lá atrás, na relação mãe e bebê”, explica.

    Ela lembra que, desde cedo, aprendemos a associar o amor à entrega total e à renúncia. “A mãe é vista como um ser divino, de amor puro, que faz tudo pelo filho, abre mão da própria vida, deixa de viver, porque isso é amor”, pontua.

    Com o tempo, para fugir desse modelo de afeto “escravizante”, muitas pessoas passaram a adotar o extremo oposto: evitar a entrega. “Já existem tantos relatos de sofrimento pelo excesso amoroso que, para se proteger, o indivíduo acaba se defendendo de forma exagerada no outro extremo”, acrescenta.

    Afastamento emocional

    Esses mecanismos de defesa podem estar ligados à baixa autoestima, a traumas antigos – seja da infância, de relacionamentos ou até do ambiente escolar – e revelam, segundo Raquel, a falta de preparo para lidar com as próprias emoções.

    Continua após a publicidade

    Ela cita os aplicativos de namoro como exemplo. “É como se fosse um cardápio de pessoas. Quero ser visto e desejado, mas não quero me envolver, porque uma relação amorosa exige disponibilidade e implicação psíquica”, declara.

    Imagem de mulher afastando homem que parece estar implorando, para representar pessoas emocionadas
    Ao mesmo tempo que demonstrar as emoções é saudável, o excesso pode ser um problema (wayhomestudio/Freepik)

    O excesso também não é bom

    A psicóloga também alerta que o outro extremo, a demonstração exagerada de sentimentos, pode ser igualmente problemático e até invasivo. “Esse excesso, em que eu tenho que ficar dizendo o tempo inteiro que o outro é muito especial para mim, mostra que tem algo estranho alí”, observa.

    Segundo ela, em muitos casos, o sentimento intenso nem é real: “A pessoa pode estar tentando convencer a si mesma de que é capaz de se aprofundar naquela relação. Ou, em outros casos, tenta convencer o parceiro: ‘por favor, eu faço tudo pra você gostar de mim’. O que mostra que a pessoa não confia em si mesma. Ela faz  tudo exageradamente pelo outro para ver se recebe um pouquinho de volta”.

    Continua após a publicidade

    Para Raquel, demonstrações de carinho e pequenos rituais amorosos são naturais. “Gestos de afeto passam mensagens como: eu te ouço, te vejo, presto atenção em você e gosto de demonstrar o quanto tem valor para mim. É bem diferente da intensidade. A ideia do exagero é o que requer atenção”.

    O tempo certo 

    Sobre o “tempo ideal” de um relacionamento, a psicóloga afirma que não há uma regra. Cada vínculo é único. No entanto, ela faz um adendo: “A gente percebe quando algo está acelerado demais, né?”.

    Ela explica que é natural estranhar certas dinâmicas e que, às vezes, dar um passo atrás é importante. “Talvez o outro não esteja se relacionando com você, mas com a fantasia que criou na cabeça dele”, diz.

    O mesmo vale para quem reprime emoções e evita se envolver. “Quem faz questão de não demonstrar nada pode estar, no fundo, revelando falta de confiança em si. Para se relacionar de forma saudável, é preciso estar bem consigo mesmo, senão, a tendência é entrar em relações adoecidas”, completa.

    Continua após a publicidade

    O papel do autoconhecimento

    Raquel reforça que tanto o excesso quanto a fuga emocional são mecanismos de defesa. “A grande questão é: ‘Quem sou eu?’”, diz. “No consultório, trabalho para que a pessoa pense sobre si mesma e perceba: ‘eu estou satisfeito comigo mesmo se não estiver envolvido amorosamente com alguém?’”

    E conclui com uma reflexão: “É o famoso ‘preciso primeiro me amar’. Assumir a própria história é o ponto de partida para abrir espaço a um outro – e construir, juntos, um encontro afetivo verdadeiro, livre de dependência emocional.”

    Assine a newsletter de CLAUDIA

    Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters: 

    Continua após a publicidade

    Acompanhe o nosso WhatsApp

    Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp

    Acesse as notícias através de nosso app 

    Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

    ABRILDAY

    Digital Completo

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    ABRILDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.